Author:
Jorge Nascimento Fernandes
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Date Posted: 00:06:14 08/31/02 Sat
In reply to:
Fernando Redondo
's message, "Olha que não (2)" on 21:24:51 08/30/02 Fri
O que nos separa e o que nos divide
Caro Fernando
1 - Apesar da referência inexata à tua experiência com pequenas empresas de informática ser uma falta grave, até porque eu sabia onde tu inicialmente tinhas estado empregado, não tem sido meu hábito andar a cometer "gaffes" neste fórum. Pode suceder que as pessoas não percebam bem aquilo que quero dizer. Tenho uma tendência para a tolerância, que muitas vezes me leva a admitir que me enganei, quando isso de facto não foi bem assim que sucedeu. Mas sobre este assunto púnhamos ponto final.
2 - Não foi minha intenção afirmar que tu absolvias os capitalistas, tentei foi afirmar que muitas vezes a realidade, as leis da economia nos escapam, e eu citei o meu exemplo pessoal, em que na minha vida profissional eu tinha uma posição, que defendo e até assumo publicamente em artigos, que pode estar errada e que haverá perspectivas de luta e de confronto que me escapam, é evidente que tudo isto poderá ser subjectivo e não ter qualquer fundamento. Sabe-se que Marx para formular as suas doutrinas sobre o capitalismo recorreu a muita informação pessoal e do seu amigo Engels, que era industrial e que escreveu um livro sobre a situação das classes laboriosas em Inglaterra. Também sobre esta pertença acusação púnhamos um ponto final.
3 - Continuo a afirmar que existe uma ofensiva ideológica da direita e do imperialismo, que tem objectivos concretos e que visa no fundo aquilo que eu disse: mostrar que os males do mundo são culpa das pessoas ou dos países e que a única volta a dar é acreditar que o mercado, a seu tempo, resolverá tudo. Pode-se dizer que os ideólogos de direita, utilizam o conceito militar, que consiste em explorar o sucesso das vitórias sobre o inimigo, ou seja, a derrota do "socialismo real" na União Soviética abre caminho para esmagar, do ponto de vista ideológico, e se for necessário militar, qualquer tentativa para reagrupar as forças do progresso. Penso que estamos de acordo, apesar de tu achares que é mais importante interpretar a realidade, diagnosticando porque fomos derrotados, do que gritar aí vem o lobo a propósito desta ofensiva (aqui respondo-te a uma intervenção tua noutro item).
4- Como tens visto, tenho defendido em quase todos os textos que escrevi que a nossa percepção da realidade do capitalismo da fase do digitalismo está atrasada e no Partido ainda muito mais. Aqui tenho-te dado toda a razão. No entanto, como actuar? Primeiro, haverá que caracterizar bem os estratos sociais do progresso, qual será a base social de apoio para a luta. É evidente que este é um trabalho hercúleo e que não seremos nós que o poderemos fazer. Segundo, e isto é importante, há que travar a luta ideológica, criando uma frente ampla que desmascare a ofensiva da direita. Precisamos de ganhar a hegemonia, que algumas vezes já tivemos no campo cultural, científico e ideológico, e aí não podemos aparecer como os pobrezinhos da esquerda. Este tema entronca no ponto seguinte.
5 - Falei, no meu texto anterior, em dois pecados (?) das forças de esquerda. Considero que, se sobre o primeiro não terás dúvidas, sobre o segundo elas já poderão existir. Parece-me que este pecado (?) existe e que nos arrasta muitas vezes para nos diminuirmos em face da direita, a pensar que está tudo perdido e que é necessário recomeçar tudo de novo. A este chamei-lhe derrotismo. Este pecado (?) merecerá mais reflexão, poderá até estar mal caracterizado, mas penso que tenho alguma razão no que digo.
6 - Por último, estou em desacordo com a tua concepção de um novo modo de produção a que chamaste digitalismo, e penso que toda esta discussão começou quando eu citei partes do livro do RF que a poderiam criticar. No entanto, para te responder com argumentação fundada, e reconheço que as partes referidas do RF são mais para arrasar do que para discutir, irei ler muito mais e, se tiver tempo e possibilidades, aqui estarei com as minhas conclusões.
Um abraço com amizade e púnhamos ponto final nesta discussão sobre as nossas experiências pessoais.
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