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Subject: uma unica realidade deixará de existir em breve?


Author:
paulo fidalgo
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Date Posted: 11:34:32 08/13/02 Tue
In reply to: Gonçalo Valverde 's message, "Meios de comunicação e meios de produção" on 09:49:02 08/10/02 Sat

1 - penso que depois do ataque ao PCP e a este site que ontem presenciámos, digno de resto de uma éspecie de AAAalqaeda, devemos prosseguir com debate e aprofundamento do marxismo. E, se tal não se revelar impossível de gerir, mantermo-nos abertos e procurando retirar o conteúdo positivo que as partes sempre exprimem numa controvérsia.

2-assim pego na frase que escolhi para título desta resposta. Se por verdades múltiplas estamos a pensar em diferentes ângulos de interpretar ou dar sentido inteligível às nossas observações isso é uma aquisição há muito em teoria do conhecimento. Basta falar da teoria ondulatória da luz vs a teoria corposcular - julgo que estou a citar bem a dualidade que esse problema contém. Ou se olharmos a economia política do valor, sabemos que podemos construir uma teoria da utilidade das mercadorias e, sem a negar, olhar todo o problema pelo lado do valor de troca. Se estamos a falar neste sentido, tudo bem. Se estamos a resvalar para um relativismo extremo, do género a verdade é aquilo que um homen quiser, então estamos a entrar por caminho de corte com a realidade com passagem directa para o lado metafísico, logo idealista

3- voltando ao digitalismo, volto a insistir que não me parece estarmos em presença de nada de substantivamente novo, no que respeita ao motor (modo) de produção. A situação contém todavia uma evolução de grau que pode acelarar uma mudança qualitativa. Explico o que me vai na alma.

a) vivemos numa situação onde predomina o assalariamento e isso define o modo de produção capitalista, em termos simples (a simplicidade é desde logo para fazer lembrar que há assalariamento fora do capitalismo como o mostra a situação da URSS)

b) o amadurecimento do capitalismo e a sua transformação em sistema mundial traz consigo um aumento muito significativo do assalariamento em todo o mundo, envolvendo camadas cada vez maiores e atingindo segementos com origem na pequena e média burguesia

c) ao enorme progresso das forças produtivas, expresso na automatização, robotização, informatização, biotecnologição, etc sucede uma extraordinária diferenciação da força de trabalho assalariada, necessária para dar operação aos novos meios de produção

d) esta diferenciação aumenta muito o peso tendencial do trabalho no processo produtivo e aproxima a sociedade de um patamar mais próximo do socialismo pois são estes trabalhadores altamente qualificados e a trabalhar em ambiente altamente socializado (aqui a internet tem um grande papel) que mais facilmente se emanciparão do jugo do capital e conseguirão repor (por comparação à época do artesão e do comunismo primitivo) o domínio do trabalho
sobre a economia

e) De facto, a evolução das forças produtivas cria situações cada vez mais frequentes em há insuficiencia do capitalismo para lhes dar resposta. Uma manifestação de insuficiência do assalariamente é a necessidade que o capitalismo tem de recorrer a contratos não assalariados para cativar elementos chave do processo produtivo. por outro lado, a concentração do capitalismo nos negócios de lucro máximo deixa livres para a operação artesanal e de pequenas empresas, onde mais vezes a relação assalariada é contornada, áreas de negócio muito importantes para a operação global da economia mas que são pouco atraentes para o grande capital.

f) ao crescimento do assalariamento aumento o antagonismo de classe. COntudo a diversidade contratual com a proliferação de contratos não assalariados e a persistência e até aumento de actividades de pequena dimensão não assalariadas, ao contrário de apenas conduzir a uma temída perda consciência de classe por introdução de elementos semi-proletários e de pequena burguesia (o que em parte pode acontecer), pode até aumentar o antagonismo contra o capitalismo porque aumenta a consciência de quão importante é a reapropriação do sobre-produto e o controlo da riqueza produzida pelos trabalhadores. Isto decorre do facto de o produtor não asslariado que controla o sobreproduto faz acentuar como é ilícito que haja capitalistas que se abotoam com a riqueza que outros produzem. Sobre o papel do artesão livre (da república ateniense) na formação de uma consciência que favorce o socialismo - ou que pode ser no debate ideológico recuperado para uma prespectiva socialista - é bom ler Ellen Maiksens Wood, a super marxista canadiana da Universidade de Toronto, no seu livro Democracy against capitalism

g) obviamente que não o regresso ao artesão que está aqui a em causa mas sim o de avançarmos para um nível superior ao artesão: o conceito de produtores organizados do manifesto do partido comunista

h) em resumo o que se trata é de divulgar que agora, mais do nunca, temos de lutar por uma saída em que o trabalho controle a riqueza, tanto mais que a centralidade do trabalho diferenciado, que agora se vai afirmando, torna ainda mais iníquo o capitalismo

4- é assim que vejo o digitalismo e não tanto como geração de um novo modo de produção potencialmente alternativo ao capitalismo e divergente como o que se tem prespectivado relativamente ao socialismo

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