Subject: Traição no PCP |
Author:
José Cavalheiro
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Date Posted: 10:43:14 07/08/02 Mon
Traição no PCP
Durante anos os apoiantes do PCP ajudaram a construir a imagem do Partido, na defesa de causas e valores fundamentais. Foram contributos entregues ao PCP para consolidação duma política humanista; não foram contudo vendidos ao Partido para que deles fizesse o que bem entendesse: foram antes emprestados com condição de que deles se fizesse bom uso.
Esse passado não pode agora ser usurpado por uma minoria que domina administrativamente o PCP.
Vários de militantes do PC tem vindo de forma lúcida a apontar um conjunto de factos incontornáveis: o declínio eleitoral do partido, a perda da sua influência social, a falta de capacidade de resposta face aos novos desafios.
Afinal que fizeram de grave esses militantes? Face ao factos irrecusáveis pediram a realização de um Congresso onde uma estratégia comprovadamente falhada pudesse ser substituída por uma nova estratégia, mais adequada ao momento actual.
Como reagiu a direcção?
- recusando que fossem analisadas as causas do seu fracasso;
- atribuindo mais uma vez e sempre, como causa do seu fracasso a razões externas, a conjunturas sempre desfavoráveis, e agora a supostos inimigos internos que pretende combater.
Ao enveredar por este caminho o Grupo de Conservadores instalado no poder, veio tornar público um espectáculo que renega na prática muito dos valores que os apoiantes do Partido defenderam ao longo de muitos anos.
Toda a credibilidade das posições assumidas, é agora hipotecada para defesa duma minoria que se instalou no poder. Todas as mais-valias do trabalho político de milhares de militantes e simpatizantes estão a ser utilizados para proveito próprio por uma direcção que tem acumulado fracassos, e demonstrado que a sua principal prioridade é a defesa dos lugares conquistados.
Comporta-se tipicamente como os donos duma empresa que recusam receber os representantes dos trabalhadores e perseguem, caluniam e intimidam os delegados sindicais.
Toda a Esquerda próxima do PCP está agora exposta, por culpa dos Conservadores, à chacota óbvia: “se vocês estivessem no poder, onde estaria agora a nossa Liberdade?”
A falta de capacidade de análise de um mundo diferente do previsto no manuais de há 50 anos, a falta de propostas alternativas, o isolamente internacional, o receio de se articular decididamente na luta global com organizações diferentes, explica o enquistamento apavorado e cego deste grupo, que evita a discussão política escondendo-se atrás do formalismo administrativo.
No momento em que uma Direita que não olha a meios para atingir os seus fins, avança contra valores arduamente conquistados, o Grupo de Conservadores em vez alargar a base de apoio da Esquerda, fecha-se mais e mais sobre si próprio, atraiçoando as expectativas dos que os apoiaram.
Ao dirigir a sua acção para uma luta fratricida que serve apenas e só os seus interesses hegemónicos, o Grupo de Conservadores comete uma dupla traição: pisa os princípios fundamentais e foge à luta para a qual já não tem nem força nem inspiração.
Para todos os democratas, que consideram como o seu todo Património Histórico da Esquerda, impõe-se uma atitude firme de denúncia das manobras em curso, que nada mais significam que a auto-exclusão de uma minoria autista que urge afastar do poder.
José Cavalheiro
Tribuna da Indignação, Lisboa 7 de Julho de 2002
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