Author:
Jorge Nascimento Fernandes
|
[
Next Thread |
Previous Thread |
Next Message |
Previous Message
]
Date Posted: 23:15:10 07/11/02 Thu
Este artigo de autoria de Pacheco Pereira vem publicado no Público de 11/07/02.
Na natureza há matéria e anti-matéria, há para quase todas as partículas a sua irmã oposta, com carga eléctrica diferente, electrões e positrões, neutrinos e anti-neutrinos, protões e anti-protões, etc., etc. Agora em Portugal temos no PCP dois partidos: o Partido e o anti-Partido, com as mesmas caracteristicas das partículas - em contacto eliminam-se um ao outro dando origem a outra chuvas de partículas fugazes e etéreas.
O problema dos "renovadores" é que já não são comunistas, mas não lhes convém dizê-lo. O que é que há de comunista no seu programa - ou no que se percebe nele, porque eles têm sido particularmente omissos? Nada. Sem "centralismo democrático" há Partido Comunista? Não. Sem referência fundadora a Marx, a Lenine, ao PCUS, ao "socialismo real", há "comunismo"? Não, embora os "renovadores" quisessem ficar com Marx e deitar tudo de Lenine para a frente fora. Só que isso não é comunismo, é socialismo comum.
A opção dos "renovadores" por um combate político assente na comunicação social é muito eficaz pelo impacto público das posições. Isto é acentuado pela coincidência da démarche "renovadora" com o "lugar central" da ideologia e política dos nossos jornalistas - um esquerdismo inorgânico - que tem levado a um favorecimento público escandaloso das posições "renovadoras". Estas são aceites sem crítica e sem distância, mesmo no tratamento editorial , manipulando-se assim a informação sobre o PCP. Mas esta eficácia comunicacional tem um preço, que os "renovadores" conhecem bem demais e por isso remete para a sua agenda escondida, que é transformar o seu movimento num movimento anti-PCP, exclusor, pela sua própria natureza, da sua condição de membros do partido.
Não tenho dúvidas que a campanha dos "renovadores" foi um factor agravante das derrotas eleitorais recentes do PCP, a lógica da sua actuação é claramente a do combate ao PCP, apostando no agravamento da sua crise eleitoral e política. A continuar assim serão mais eficazes que todo o anti-comunismo, mais o PS e o Bloco de Esquerda. O que melhor revela hoje a crise profunda do PCP é a dificuldade de afastar o Partido do Anti-Partido, dito de outra maneira, em expulsar os renovadores para os deixar fazer o "Partido Comunista" novo que eles dizem desejar. Vão ver como eles encontram outros caminhos depressa, e se esquecem do comunismo.
[
Next Thread |
Previous Thread |
Next Message |
Previous Message
]
|