Author:
Guilherme Statter
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Date Posted: 23:21:55 05/04/04 Tue
In reply to:
Hugo Pires
's message, "Re: O falhanço da análise da estratégia" on 21:25:59 05/04/04 Tue
Já agora...
Só alguns reparos (de picuinhas com pretensões a "rigorosista"...)
Diz a certa altura o sr. Hugo Pires:
>de 2001, todos os Estados Soberanos que eu conheço
>(exepção do Iraque e do Afeganistão) condenaram
>energicamente os ataques terroristas ao mesmo tempo
>que também condenaram toda a forma de terrorismo
>extremista, manifestando também que iriam contribuir,
>dentro das suas possibilidades, para o eliminar, aí se
>formou a coligação contra o terrorismo.
Nesta coisa de se dizer "aí se formou a coligação", há aqui algum "construtivismo", para usar do jargão sociológico.
Qual "coligação"? Aquela que foi para o Iraque? Alargando o círculo e incluindo os que ficaram só a apoiar ("bater palmas")? Alargando ainda mais e incluindo aqueles que ficaram só a desejar "boa sorte" ? Ou incluindo também aqueles que criticaram e ficaram de fora?
Diz mais adiante:
>Uma das atitudes que se tomou foi o congelamento de contas
>bancárias que se conhecessem em nome de indivíduos
>ligados a organizações extremistas, foi algo que foi
>falado nos jornais e nos restantes meios de
>informação. Quanto à eficácia dessa mesma medida, acho
>que temos a mesma opinião: pouco ou nenhum efeito
>surtiu! (não referi no meu texto que a medida foi
>eficaz, pelo contrário!);
Aqui não há propriamento erro de "análise". É apenas demasiado superficial, não por falha do sr. Hugo Pires, na medida em que presumo que, tal como eu aliás, não tem acesso à certamente ultra imbricada rede de contas bancárias em 'N' bancos e "paraísos" bancários.
Digo "certamente ultraimbricada rede" pela simples razão de que já tive ocasião de trabalhar vários anos na elaboração daquilo a que hoje se chama "banca electrónica".
Aquela anunciada decisão de "congelar contas" foi claramente para "épater le bourgeois". E dar ao zé povinho a sensação de que havia alguém a fazer alguma coisa.
Por outro lado quando diz:
>...os Estados
>Unidos invadiram o Iraque para lhe impôr valores
>políticos e civilizacionais titipamente ocidentais,
>por exemplo, democracia representativa! Como se
>sentiria se um estrangeiro lhe quisesse impôr valores
>civilizacionais que não são os seus?
Estará a incorrer no típico êrro de análise do chamado "eurocrentismo" (cá vem outra vez o sociologuês...).
Os "europeus" têm uns valores "ocidentais" e os "outros povos" não.
Em todo o caso, mesmo aderindo a essa superficialidade (do "eurocentrismo") a ironia do destino é que o regime mais "ocidentalizado" ali da zona era justamente o Iraque.
Parece que um dos últimos concertos que a Orquestra Sinfónica de Bagdad conseguiu interpretar foi uma das sinfonias de Brahms.
Go figure, como dizem os invasores...
Boa noite.
Guilherme Statter
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