Subject: Re: O falhanço das ANÁLISES |
Author:
Luis Blanch
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Date Posted: 13:49:18 05/05/04 Wed
In reply to:
Fernando Antunes
's message, "Re: O falhanço da análise da estratégia" on 21:53:36 04/26/04 Mon
Ó Fernando Antunes: Eu não estaria tão certo dos "disparates " de Hugo Pires.
Ele faz uma apreciação simoplista e cheia de lugares comuns. O tema é demasiado impreciso e complexo para ser aqui dissecado. Não há " terrorismo", há terrorismos de diferentes proveniências ,com diversos objectivos e com graus diferentes de , arrisco o termo , legitimidades.
Por outro lado, tem que se partir ,sempre, da definição de terrorismo . Há aspectos preocupantes no terrorismo islâmico . Há pressupostos religiosos e de militância dificilmente avaliados pelos chamados ocidentais, que somos. Afganistão , Chechénia ,Kosovo ,Curdistão . Todos têm o denominador comum do Islão. Colonialismo, neo-colonialismo ,imperialismo ; sim ,pois ,também se quiseres .
Não tem uma leitura simples e reducionista.
>
>
>Vejamos alguns disparates deste texto do Hugo Pires.
>Diz ele: “(...) Como consequência dos ataques ao World
>Trade Center e ao Pentágono, (...) Bush apressou-se a
>declarar guerra ao terrorismo, formando-se para o
>efeito uma coligação internacional integrada por
>diversos países”. Confesso que nunca tinha ouvido
>falar disto. Já agora diga lá que países é que
>integraram essa coligação...?
>
>Diz depois “(...) Uma das primeiras medidas tomadas
>foi o congelamento de contas bancárias pertencentes a
>alegados membros da Al-Qaeda” (...). Pois...até parece
>que o Hugo acredita na Branca de Neve. Já agora
>explique lá como é que podem fazer isso quando há o
>sigilo bancário em tantos países a começar pelo nosso!
>
>Continua o Hugo: “(...) Ao mesmo tempo, o pavor e o
>medo da ocorrência de atentados instalaram-se nas
>sociedades ocidentais (...)”. Os media, os agit-prop
>dos governos, até parece que nada tiveram a ver com o
>caso...ou tiveram?
>
>E inevitável como o destino, o Hugo acrescenta (...)
>“Não tardou a resposta militar, (...) no Afeganistão”
>(...). Aqui temos o Hugo a apoiar a tese de que a
>guerra contra o Afeganistão é parte da guerra contra o
>terrorismo!
>
>E logo a seguir o Hugo volta a fazer a mesma conexão
>com o Iraque.
>
>Vejamos o que diz o Hugo: “(...) Após o Afeganistão, o
>Presidente Bush acusou a Síria, o Irão e o Iraque de
>apoiarem o terrorismo fundamentalista (...). Não
>demorou muito tempo para que os ventos da guerra se
>voltassem a fazer sentir, desta feita no Iraque. Sob
>pretexto de que o ditador Saddam Hussein possuía
>capacidade para produzir armas de destruição maciça,
>os Estados Unidos decidiram derrubá-lo do poder, a fim
>de implantarem no Iraque um regime democrático
>exemplar(...) Saddam Hussein foi apeado do poder
>(...). A questão é que a credibilidade e a
>legitimidade internacional dos Estados Unidos ficaram
>afectadas para sempre, nomeadamente perante o mundo
>árabe (...)”
>
>O Hugo neste caso da guerra do Iraque até parece que
>vive completamente fora deste mundo! Então não se
>lembra de Colin Powell no Conselho de Segurança da ONU
>a mostrar o frasco com atrax, ou a apontar para as
>“fotos” de satélite que mostravam os locais onde as
>armas estavam armazenadas, ou os desenhos dos
>“laboratórios móveis”? Então não se lembra do Blair a
>falar das armas de destruição maciça que em 45 minutos
>podiam atingir as bases inglesas? E não se lembra
>mesmo do Bush a falar dos cogumelos atómicos? Nem se
>lembra do Durão a dizer que tinha visto as provas das
>ditas armas?
>
>E vem agora o Hugo dizer que “Saddam possuía
>capacidade de produzir armas”???????? E pior vem agora
>o Hugo dizer que os “Estados Unidos decidiram
>derrubá-lo do poder, a fim de implantarem no Iraque um
>regime democrático exemplar (...)”. Não acredito em
>anjinhos, muito menos num anjinho que depois de dizer
>tais barbaridades acrescenta que “a questão é que a
>credibilidade e a legitimidade internacional dos
>Estados Unidos ficaram afectadas para sempre”.
>
>E o disparate prossegue. Para o Hugo a ocupação dum
>país soberano é “(...) é uma luta de valores
>civilizacionais que estão dispostos a levar até às
>últimas consequências, atirando muitos indivíduos até
>então moderados para os braços do extremismo (...)”.
>Garanto-lhe Hugo que eu que sou a pessoa mais pacífica
>deste mundo, se me ocupassem Portugal – fosse quem
>fosse e qualquer que fosse o pretexto – tudo faria
>para correr com esses ocupantes. Quais valores
>civilizacionais, qual carapuça – qualquer povo, esteja
>nos azimutes que estiver, corre com quem lhe ocupa a
>sua pátria. E quem não o fizer é cobarde – chame os
>bois pelo nome, deixe-se de tretas de moderados ou de
>extremistas!!! Ainda não descobriu que é um direito
>legítimo dos povos resistirem à ocupação???
>
>Como se não bastassem tantos disparates comete a
>ignomínia de dizer que “ (...) Mas não é somente pela
>repressão e pelo castigo que se combate o terrorismo
>mundial, (...) o mais importante passa por integrar
>esses povos na comunidade internacional (...)”. Então
>todo e qualquer povo não pertence à “comunidade
>internacional”? Ou também o Hugo entende que uns são
>terrenos e outros talvez marcianos? Que uns são os
>bons e outros são os maus como diz o Bush?
>
>Mas quando li que “a pobreza e a exclusão (...) são
>dos principais factores que pode levar um ser humano a
>tornar-se terrorista” desisti! Tamanha presunção
>esgotou-me a paciência. E misturar argumentos racistas
>e indigentes com a Taxa Tobin, Protocolo de Quioto,
>Tribunal Penal Internacional, cheira-me demasiado à
>verborreia bloquista, a amalgamas mal amanhadas e pior
>compreendidas que não fazem o meu género.
>
>Um último comentário Bruno. Qualquer povo, qualquer
>nação têm direito à sua soberania. E têm direito a
>resistir de armas na mão a quem os invada. O resto é
>conversa da treta.
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