| Subject: Desculpem lá a expressão: que merdalheira de análise |
Author:
João Laveiras
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Date Posted: 17:44:33 02/07/04 Sat
In reply to:
Ângelo Alves, em Avante de 05/02/04
's message, "Fórum Social Mundial" on 23:08:38 02/06/04 Fri
Quem é este Ângelo Alves? Por favor, Casanova, manda-o para a escola.
Irra que tanta parvoíce até mata.
>Ângelo Alves, em Avante de 05/02/04
>
>Fórum Social Mundial
>
>«Um enorme e constante caudal de Manifestações» será
>possivelmente a frase que melhor o descreve. Falamos
>do Fórum Social Mundial que pela primeira vez se
>realizou fora do Brasil.
>
>A escolha foi Mumbai na Índia, Bombaim para os
>Portugueses, com os seus mais de 15 milhões de
>habitantes, montra gigante da destruição e degradação
>capitalistas «exportadas» pelo capital transnacional
>para o chamado 3.º mundo, o seu caixote do lixo.
>
>Mumbai é uma cidade onde milhões de pessoas não vivem,
>não sobrevivem sequer! Pura e simplesmente «existem».
>
>«Existem» no seu metro quadrado de terra que, por
>revolvido ser, passa a ser a sua casa. «Existem»
>debaixo de labirínticos bairros de bambu cobertos de
>plástico negro mesclado com zinco corroído, sem água,
>luz, esgotos, ruas até.
>
>Doenças como a Lepra, erradicadas dos ditos países
>desenvolvidos há décadas, afectam os habitantes de
>Mumbai e confrontam-nos todos os dias com a morte
>prematura. Os esgotos a céu aberto em que se
>transformaram os rios e a asfixiante poluição
>atmosférica completam um degradante e revoltante
>cenário impossível de descrever nestas linhas.
>
>Paralelamente uma classe, erradamente chamada de
>média, ligada ao grande capital transnacional
>enriquece rapidamente e faz crescer em Mumbai os
>grandes prédios espelhados isolados do mundo daqueles
>que lá fora «existem» na indigência e que na Índia são
>centenas de milhões.
>
>Esses continuam a alimentar, conjuntamente com o BJP –
>o partido que lidera a coligação governamental de
>direita / extrema direita – uma perigosa e mesmo
>pré-fascista política que combina ódio religioso e
>étnico com divisão da sociedade em castas hindus para
>garantir a manutenção do seu poder económico e
>político à custa da exploração de muitos como os
>«Dalits» (ou «intocáveis» ou «sem casta») que postos à
>margem da sociedade se vêm, por descendência,
>excluídos de serviços básicos como a saúde e vêm
>negados direitos como a habitação e emprego, servindo
>de mão de obra quase escrava.
>
>O chocante simbolismo de Mumbai conferiu ao Fórum
>Social Mundial uma atmosfera especial.
>
>Se em outros fóruns os grandes debates reuniam os
>intelectuais e sobretudo a média burguesia, em Mumbai
>foram as ruas do Nesco Grounds (um antigo complexo
>fabril) que se encheram de manifestações constantes.
>
>Os debates, realizados sobretudo em Inglês, sem
>tradução e imperceptíveis para muitos dos
>participantes ficaram, salvo raras excepções entre as
>quais o debate sobre «Socialismo» promovido pelos
>comunistas, muito aquém das expectativas e reuniam
>sobretudo os não Asiáticos.
>
>Houve, como disseram alguns, dois fóruns. O dos
>debates e o das ruas.
>
>Nisso estaremos todos de acordo. Onde já não há acordo
>é no balanço deste FSM. Para alguns foi o caos; para
>outros «a real internacionalização do FSM»; para
>outros ainda, foi, mesmo que não declarado, um
>intervalo no «verdadeiro» fórum, o de Porto Alegre.
>
>Mais leituras virão, mais ou menos demagógicas ou
>lúcidas, consoante as necessidades de visibilidade
>política e de poder.
>
>Mas a verdade estava à vista! Essa reside no facto de
>que mesmo na Índia, onde o sistema oprime, exclui e
>mata numa dimensão impressionante, havia, há e haverá
>importantes movimentos de luta e resistência.
>
>Se é verdade que muitos movimentos e activistas
>levaram a Mumbai, por ocasião do FSM, as suas lutas e
>as suas ideias, não é menos verdade que mais uma vez
>esta iniciativa foi incrivelmente marcada pela
>realidade política, pelas lutas que se travam na
>região e pelos seus protagonistas que fizeram sentir
>àqueles que lá se deslocaram a força dos seus
>movimentos e das suas lutas.
>
>A verdade é que o FSM não serviu para exportar ou
>importar lutas ou ideias mas sim para as conhecer. E
>só podia ser assim!
>
>O FSM aproximou-se, naqueles dias, daquilo que nós e
>tantos outros defendem. Um amplo espaço, sem exclusões
>e preconceitos anti-comunistas, sem «velhos» e «novos»
>movimentos, que possibilita a todos os que lutam um
>momento de encontro, de troca de experiências, de
>unidade na acção, de recuperação de forças para
>continuar os seus processos de luta pelo seu mundo que
>querem diferente.
>
>Claro que, num Fórum deste tipo, aqueles que vêm o FSM
>como um novo directório de movimentos; como um
>trampolim político-partidário ou como um instrumento
>para se recuperarem – instrumentalizando as massas –
>de crises de poder e/ou ideológicas ficaram como não
>poderia deixar de ser... a falar sozinhos!
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