Subject: Qualquer semelhança é pura coincidência (?) |
Author:
Rosa Redondo
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Date Posted: 12:14:14 02/11/04 Wed
Depois de uma longa ausência por motivos pessoais, pude finalmente voltar ao convívio do Fórum; e começo por saudar todos os Amigos e Camaradas intervenientes!
Como é natural fui pôr a leitura em dia. Este processo de ler em sequência vários textos com origens em autores e momentos diversos tem por vezes uma consequência interessante: colocar em paralelo diante dos nossos olhos coisas que de outro modo poderíamos não tomar a iniciativa de comparar.
Foi o que aconteceu com o texto “A SITUAÇÃO E A PERSPECTIVA – intervenção e iniciativa da Renovação Comunista” (posto no Fórum a 27 de Janeiro), e a entrevista de Carlos Carvalhas “SOMOS UM PARTIDO DE CRÍTICA, DE COMBATE E DE PROPOSTA” (transcrita a 8 de Fevereiro).
Ressalvando evidentemente as diferenças de linguagem, nomeadamente o uso de chavões, o que me impressionou foi a semelhança entre os dois textos:
- ambos enunciam as situações de crise
- ambos, embora aludindo a causas de natureza estrutural e conjuntural, põem o ênfase na actuação do governo, do grande capital, etc.
- ambos listam com destaque as movimentações sociais, consideradas como alavanca para sair da crise
- ambos revelam preocupação com as próximas eleições e alertam para as estratégias a adoptar
- nenhum ensaia uma explicação da crise à luz das transformações históricas
-nenhum aponta um caminho a seguir para as tais camadas que se movimentam, a não ser aparentemente o da resistência nas trincheiras do adquirido
É evidente que não se poderia esperar que em textos como aqueles que refiro fôsse criado um novo “capítulo” do materialismo histórico! Não era esse o objectivo, nem era possível. Mas o que os textos revelam é a ausência de uma infra-estrutura teórica que suporte as suas posições.
E se nos textos oficiais do PCP isso já não me surpreende, confesso que esperava que a Renovação Comunista não caísse na mesma pecha. Infelizmente não vejo, por exemplo da parte dos dinamizadores, nenhum esforço para fazer a reflexão teórica indispensável para na fase de crise do sistema capitalista em que vivemos criar o novo núcleo ideológico credível e capaz de entusiamar os grupos emergentes num novo modo de produção.
Não que eu pense que devemos ficar reverentemente à espera que uma qualquer entidade iluminada pense por nós. Já dei, juntamente com o Fernando Redondo, o meu contributo para a grande discussão necessária. Aliás, a tese que defendemos no nosso livro foi “olimpicamente” ignorada quer pelo PCP, quer pela Renovação Comunista.
É pena é não terem alguma tese própria para pôr à discussão.
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