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Subject: "Os beatos"


Author:
Vítor Dias no "Semanário"
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Date Posted: 09:28:21 02/14/04 Sat

Vítor Dias no "Semanário"
13 de Fevereiro de 2004

“Os beatos”


Um pouco à moda das colunas de “sobe e desce” ou de “altos e baixos” que se tornaram um “must” da nossa imprensa, embora com mais linhas e só para baixo ou a descer, alinhemos hoje três farpas que, acredite-se, ainda assim beneficiam de algum esforço de contenção verbal.

A primeira dirige-se às ideias e objectivos fundamentais veiculados pela assembleia de quadros, gestores, ideólogos e herdeiros dos grandes grupos económicos que se reuniu no Convento do Beato debaixo do conveniente nome “Compromisso Portugal”.

A este respeito, embora não querendo baixar o nível da conversa, não podemos deixar de observar que, pelo que vimos, ouvimos e lemos, na referida assembleia de beatos do neoliberalismo as únicas coisas verdadeiramente modernas que ali vislumbrámos foram os fatos dos participantes e a frota automóvel em que se transportaram.

Na verdade, os promotores desta iniciativa de pressão política e ideológica que alguns órgãos de informação logo bacocamente identificaram como “sociedade civil” (aos delegados ao Congresso da CGTP já ninguém chamaria de “sociedade civil”) até podem incluir entre as suas 30 recomendações ou propostas meia dúzia de pontos óbvios, inócuos ou incontroversos mas tudo isso é apenas a palha para disfarçar o envenenado grão que, em ajuda da ofensiva do governo PSD-CDS/PP, querem impingir.

De facto, o que verdadeiramente marca as suas propostas é uma explicita reclamação de redução do papel do Estado (já se sabe a favor de quem e contra quem), a defesa da contenção salarial na função pública por mais três anos, a exigência de se “aprofundar a reforma da legislação laboral introduzindo uma maior flexibilidade” e de “aprofundar o princípio do consumidor–pagador nas principais áreas de prestação de serviços pelo Estado – saúde, educação, infra-estruturas...”.

É certo que, por nós, não costumamos proceder a nenhuma associação mecânica entre opiniões e estatuto social e nível de rendimentos dos seus autores. Mas, francamente, apetece dizer que teria sido uma bela ideia se, no início das intervenções no Convento do Beato, o ecrã electrónico passasse a informação dos vencimentos, mordomias e bens dos oradores.

A segunda farpa dirige-se direitinha para a inesquecível entrevista ao “DN” sobre educação sexual nas escolas perpetrada pela Secretária de Estado Mariana Cascais que nos deu um devastador retrato de uma beata do conservadorismo mais patético e pateta e constituiu um arrepiante testemunho das bafientas concepções e posturas que integram o imaginário não apenas do CDS-PP mas também do governo dirigido pelo PSD que o país infelizmente tem.

E dizemos isto porque se é compreensível que os partidos da oposição explorem politicamente contradições e dissonâncias entre o PSD e o CDS sobre certas matérias já seria um erro de palmatória absolver o PSD de responsabilidades ou permitir-lhe que a apresentação na AR de um projecto de resolução sobre educação sexual e planeamento familiar, feita apenas para compor a imagem em vésperas da discussão da despenalização do aborto, escamoteasse dois anos de completa inércia, retrocesso e conservadorismo do Governo nestes domínios.

A terceira e última farpa dirige-se à recusa da maioria parlamentar de direita em realizar um debate de urgência sobre Durão Barroso – esse beato da Administração Bush - e as famosas armas de destruição maciça do Iraque, que correspondia a uma exigência e proposta adiantadas pelo PCP mas que alguns jornais, cheios de espirito unitário, apresentaram como sendo uma iniciativa dos “partidos da oposição”.

Pelos vistos, esse debate não se fará. Mas, com a ajuda do balão (ligeiramente adaptado) de um delicioso “cartoon” de Máximo no “El País” de 4.2.2004, estamos em condições de oferecer aos leitores uma antevisão do que seria a principal declaração de Durão Barroso na AR.

Seria qualquer coisa do género: “Bush não sabia que não sabia. Blair não sabia que Bush não sabia que não sabia. E eu não sabia que Bush e Blair não sabiam se eu sabia ou não sabia. Com isto, creio ter respondido às perguntas dos deputados do PCP.”

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Re: "É necessário chamar os bois (os beatos) pelos nomes"Teresa Pereira da Fonseca11:38:36 02/14/04 Sat
De boas intenções...Guilherme Statter23:11:45 02/14/04 Sat
Um pormenor insignificanteGonçalo Valverde08:52:38 02/15/04 Sun
Hipótese Beatapaulo fidalgo09:02:20 02/15/04 Sun
Proposta 1 do Beatopaulo fidalgo09:20:48 02/15/04 Sun


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