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Date Posted: 11:17:11 05/10/05 Tue
Author: Liliane Sade
Subject: Resumo - semana 11 - discurso e aquisição

Resumo 10 – semana 11

Liliane Assis Sade Resende
Lingüística Aplicada
Profa. Dra. Vera L. Menezes de O. e Paiva
FALE – UFMG

HATCH, E.. Discourse Analysis and second language acquisition. In; HATCH, E.M. Second language acquisition:a book of readings. Rowley, MA: Newbury House, 1978. p.256-271

Hatch em seu texto argumenta a favor da análise discursiva da interação como metodologia para pesquisas em aquisição e como metodologia para ensino de línguas. Os estudos desenvolvidos na década de 70 tiveram como foco a aquisição da estrutura da língua. Um exemplo citado pela autora foram os estudos realizados para verificar a aquisição de morfemas. Citando Gough (1975), Hatch argumenta que a aquisição da forma lingüística não deve ser entendida isoladamente, sem se levar em conta as funções da língua.
Para que tal reflexão seja efetivada, Hatch sugere que sejam analisadas as interações entre aprendizes e falantes proficientes da língua. Essa análise discursiva da conversação pode gerar insights importantes sobre a aquisição que motivem uma revisão dos estudos baseados meramente na aquisição da forma e revejam a importância do input e a ordem “natural” de aquisição.
Usando diversos exemplos extraídos dos dados de estudos realizados por outros autores, tais como Keenan (1976), Young (1974), Itoh (1973), Scollon (1995), Butterworth (1972) e Brunak, Fain and Villoria (1976), Hatch analisa o discurso de interações entre crianças aprendendo o idioma e adultos e adolescentes aprendendo o inglês como segunda língua. As observações levantadas pela autora sugerem que a ordem de aquisição não seja inata, assim como os proponentes da gramática gerativa advogam, mas resulte da freqüência do input recebido via interação. Nessa perspectiva, Hatch questiona a tradicional visão de que para aprender a língua, uma pessoa deva ter que primeiro, aprender a manipular as estruturas para depois usá-las no discurso. Hatch sugere que o comportamento é o inverso: primeiro a pessoa tem que aprender a participar das interações discursivas e a partir delas, extrair as estruturas sintáticas da língua.
Mostrando diversos exemplos de como as crianças adquirem a língua, Hatch aponta que, primeiramente, as crianças chamam a atenção dos adultos para si mesmas para que possam iniciar a interação. Em seguida, estipulam o tópico do discurso, apontando ou sinalizando para os objetos que serão o alvo de sua conversação. As crianças geralmente iniciam suas interações com apenas uma palavra e somente depois conseguem produzir falas conectando mais de uma palavra. Sendo assim, a sintaxe surge a partir da interação quando as palavras são unidas em construções semânticas. A sintaxe se desenvolve não por um mecanismo mágico e biológico (LAD), mas devido às correções e negociações que acontecem entre o aprendiz e o falante proficiente. As construções lingüísticas partem, então, de um processo vertical de palavras com conteúdo semântico para um processo horizontal de ligação entre essas palavras e desenvolvimento da sintaxe. A negociação que viabiliza a aquisição acontece de duas maneiras com as crianças: (1) pela repetição por parte do aprendiz da fala do falante proficiente (2) pela adaptação da fala do falante proficiente à fala da criança e (3) pela auto-repetição por parte da criança, o que Hatch chama de “language play”. Esta última tem duas funções, conforme identificadas por Hatch, a de manter a comunicação (falar só por falar para não deixar o assunto acabar) e a de praticar a estrutura que ele (aprendiz) já aprendeu.
Com base nessas observações, Hatch questiona a ordem natural de aquisição da língua e advoga a favor da emergência das formas lingüísticas a partir do contexto social e da freqüência do input nas interações.
Em seguida, Hatch se propõe a analisar as interações com adultos aprendendo a língua (a autora não faz a distinção entre aquisição e aprendizado uma vez que para ela ambos acontecem via interação e levam à aquisição). De forma geral, os adultos agem de forma similar à da criança. No entanto, algumas características da interação entre adultos tornam esse processo mais complexo. Uma característica observada por Hatch é que nas interações com adultos, os falantes proficientes são, na maioria das vezes, quem introduzem o tópico da conversa. Quando os aprendizes não são capazes de entendê-los, os falantes nativos fazem adaptações a suas falas, tais como transformar perguntas com “wh” em “yes/no questions”, usar perguntas com “ou”, se auto-responder para exemplificar o comportamento que o aprendiz deve ter.
Quando os aprendizes adultos iniciam a conversa, a topicalização é feita pela escolha de palavras com conteúdo semântico. Hatch observa que, para manter as convenções do discurso, é necessário que primeiro se estabeleça o tópico da conversa para depois introduzir as novas informações. Os aprendizes parecem seguir esta norma, mas como não conseguem produzir sentenças completas usam itens semânticos para demarcar o tópico da conversa. Ao contrário das crianças, adultos não apontam para objetos concretos que estão no meio ambiente externo, mas desejam desenvolver tópicos em um campo mais abstrato e complexo e para delimitar o assunto, usam de vocabulário. A partir da observação deste comportamento, Hatch sugere que o ensino do vocabulário é essencial para que o adulto possa iniciar interações. Uma vez que o tópico é reconhecido, o aprendiz usa seu conhecimento de mundo para prever como a comunicação está ocorrendo. Se essa previsão for correta, as falas do aprendiz são relevantes, caso contrário, a interação não faz sentido. Além da estratégia de previsão do tópico da conversação, Hatch observa ainda, diversas estratégias usadas consciente ou inconscientemente pelos adultos para manter a conversação, tais como perguntas para clarificação, mudança da entonação para solicitar esclarecimento, pausas, silêncios e sons (hum-hum) para ganhar tempo para elaborar as frases e muitas outras. Essas estratégias usadas pelos adultos não são usadas pelas crianças.
O processo de verticalização que ocorre com as crianças é observado de forma similar com adultos. No entanto, enquanto crianças usam construções verticais, partindo da semântica para a sintaxe, adultos usam a verticalização para checar vocabulário e manter as convenções do discurso.
Devido a essas considerações, Hatch propõe a revisão dos estudos sobre a aquisição dos morfemas com o intuito de verificar se a ordem de aquisição é realmente natural e inata ou se ela não é causada pela freqüência do input. A autora sugere o “caos” como alternativa ao sistema ordenado da aquisição de regras gramaticais. Finalmente, Hatch aponta algumas implicações pedagógicas da análise da conversação. Para a autora, o papel do professor é o de ensinar o aluno a participar das interações comunicativas, para que a partir delas, ele consiga extrair as estruturas necessárias para se comunicar. Para tanto, Hatch reafirma a importância dos diálogos e dos “role-plays” em sala de aula. E, o mais importante, professores devem ensinar seus alunos a não desistirem frente às dificuldades.


YOUNG, R. Sociolinguistic approaches to SLA. Annual Review of Applied Linguistics. v. 19. p. 105-132 1999.
Young, em seu texto, aponta a importância das contribuições trazidas pela Sociolingüística para o entendimento da aquisição. O autor introduz seu texto argumentando sobre a importância de não desvincular o contexto social da análise da aquisição. A relação entre contexto social e aquisição já foi trabalhada por diversos autores através de diferentes metodologias. Nos estudos tradicionais da variação da interlíngua, os autores procuraram considerar contexto e aquisição como entidades dotadas de características particulares e os estudos procuraram verificar as correlações entre características da aquisição com características do contexto. A segunda abordagem de pesquisa que relaciona contexto e aquisição e à qual Young se afilia, procura ver como o contexto é criado a partir da interação social e a metodologia utilizada é a hermenêutica, que faz uso de diários, estudos de caso, análise do discurso, análise da conversação e que procura estabelecer como os participantes entendem o processo de aquisição e o contexto social em que este ocorre.
Young cita quatro grupos de estudos que mudaram suas abordagens de pesquisa para adotar uma abordagem hermenêutica na reflexão sobre a aquisição de línguas e aponta suas contribuições: estudos da variação da interlíngua, estudos da comunicação cross-cultural, estudos do fenômeno conversacional e estudos sobre identidade social.
Os estudos da variação da interlíngua têm tradicionalmente, conforme comenta Young, adotado uma metodologia quantitativa. Young, no entanto, apresenta o resultado de dois estudos que procuraram incorporar a hermenêutica nessa área. O primeiro diz respeito à teoria interativa de Liu (1991), Tarone & Liu (1995) e Shea (1994). Esses estudos demonstraram que certos tipos de interação encorajam o desenvolvimento mais rápido da interlíngua. Segundo Shea, citada por Young, “a atividade colaborativa na qual o professor apóia a atividade do aprendiz dentro da ZPD é o meio crucial para o desenvolvimento cognitivo”. Contrastando com a perspectiva interativa, Young cita o trabalho de Douglas & Selinker (1985) dentro da teoria do domínio do discurso (domain-theory). O pressuposto principal dessa teoria é o de que falantes bilíngües produzirão falas mais complexas quando se concentram em um domínio do discurso que se sentem à vontade do quando falam sobre tópicos gerais. Young critica esta teoria propondo que ela não leva em consideração o papel essencial do interlocutor do falante, fato esse que é considerado nas teorias interacionistas.
O segundo grupo de estudos – comunicação cross-cultural- é representado principalmente pelos trabalhos de Agar (1994), Bremer et al (1996) Scollon e Scollon (1995). Esses estudos avançam a idéia tradicional de que o aprendiz é o falante menos proficiente e focalizam a forma como, através da participação na interação, problemas surgem e são negociados de forma bilateral pelos participantes do ato comunicativo. Estudos recentes nessa área têm demonstrado o uso de estratégias para se alcançar os objetivos pragmáticos e têm focalizado não na comunicação do significado referencial, mas na dinâmica interpessoal, a apresentação do “eu”, as múltiplas funções da fala situada e as formas como a intersubjetividade é construída a partir das interações. Os principais resultados chegados através dessas pesquisas apontam para o fato de que a comunicação cross-cultural não é problemática, uma vez que as falhas comunicativas são resolvidas facilmente através da interação. No entanto, problemas na comunicação cross-cultural podem ser entendidos como negativos socialmente falando, quando são usados para marginalização de grupos de falantes causada por preconceito social e/ou racial. Além disso, algumas estratégias usadas pelos falantes na interação cross-cultural, tais como a transferência das estruturas lingüisticas da L1 para a L2 e a transferência de estilos da L1 para a L2, têm gerado, algumas vezes conseqüências sociais negativas para o aprendiz.
A análise do fenômeno conversacional foi feita em dois grandes grupos. O primeiro procurou analisar as características conversacionais no micro-contexto. Exemplos destes estudos são aqueles realizados por Schegloff (1987), Gardner (1998), White (1997) e Berry (1994). O segundo grupo é representado pelos estudos que visaram verificar o processo de socialização via discurso. Estudos como os de Clancy (1986), Ochs & Schieffelin (1979) e, mais relevante para a SLA, os estudos de Aukrust & Snow (1998), são exemplos desse segundo grupo.
Os estudos sobre identidade social visam verificar os padrões de língua usados e as atitudes lingüísticas dos falantes bilíngües. McNamara (1997) propõe uma visão dinâmica sobre identidade social, analisando as relações sociais de intergrupo.Le Page & Tagouret-Keller (1985) procuram analisar as formas como falantes bilíngües usam a língua de forma a contribuir para o processo de formação da identidade social. Young cita ainda os trabalhos de Peirce (1995), Losey (1997) e Güntthner (1996) para demonstrar como as pesquisas recentes procuram associar a aquisição da língua à construção da identidade social.
Finalmente, o autor faz algumas considerações gerais sobre os insights trazidos por esses grupos de pesquisa dentro da sociolingüística e um ponto comum à maioria delas, citado pelo autor, é a visão do social e do fenômeno sociolingüístico como co-construídos pelos participantes na interação. O autor cita o trabalho de Hall (1995) e comenta que um importante ponto a se considerar é que o indivíduo não adquire uma competência comunicativa independente, mas a desenvolve a partir da interação.

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