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Date Posted: 21:09:00 03/14/05 Mon
Author: Lililane A. Sade
Subject: Semana 3 - textos demandados + texto Lantolf

Resumo – semana 03

Liliane Assis Sade Resende
Lingüística Aplicada
Profa. Dra. Vera L. Menezes de O. e Paiva
FALE – UFMG

McLAUGHLIN, Barry. Theories of second-language learning. London: Arnold, 1987, Introduction. p.1 a 18
McLaughlin procura focalizar em seu texto a forma como a teoria informa e guia a pesquisa e como a teoria é avaliada na pesquisa. O autor destaca três tipos diferentes de pesquisa: os estudos descritivos, estudos pedagógicos experimentais e a pesquisa baseada na testagem de hipóteses. Para o autor, todas as pesquisas de uma forma ou de outra acabam se incluindo no terceiro grupo – mesmo nos estudos descritivos, o pesquisador está testando hipóteses. Essas hipóteses têm origem em alguma teoria e o pesquisador organiza os dados de acordo com algum esquema cognitivo ou teoria. Nesse ponto do texto, o autor apresenta três pressupostos relativos à pesquisa. Primeiro, a pesquisa é inseparável da teoria, considerando esta última uma forma de interpretar, critica e unificar generalizações. Para McLaughlin, a pesquisa deve ser flexível e heurística, no sentido de que o conhecimento advindo dela deve ser provocador de novas indagações. As generalizações que formam a teoria são alcançadas pelas regularidades e constâncias. O primeiro passo para o desenvolvimento da pesquisa é formar hipóteses acerca de um fato com base em um esquema prévio de conhecimento – teoria (leis e fatos já aceitos como verdade). Para testar as hipóteses, o pesquisador organiza a investigação para testar a hipótese. Após testada, ela se torna um fato ou uma lei que vai se incorporar ao corpo teórico. Uma vez incorporados à teoria, os fatos e leis são alterados, reformulados e reinterpretados, adquirindo um novo significado. Uma boa teoria está sempre aberta, as generalizações nunca estão completas.
O segundo pressuposto é o de que não há apenas um método científico único. Os processos de investigação podem acontecer de diferentes formas. O autor critica a postura tradicional de pesquisa que atribui validade apenas às pesquisas experimentais. Como exemplo de outros tipos de investigação científica, o autor cita o estudo descritivo e longitudinal realizado por Huebner. No entanto, citando Kaplan, o autor critica os pesquisadores que utilizam qualquer método sem rigor científico. O autor critica ainda o mito da quantidade alegando que pesquisas quantitativas são demasiadamente valorizadas e argumenta que as estatísticas são instrumentos do pensamento e não substitutas do mesmo. McLaughlin apresenta sua preferência por uma abordagem de pesquisa que utilize métodos múltiplos.
O terceiro pressuposto é o de que não há uma única verdade científica. O autor faz uma crítica às escolas do pensamento que se julgam donas da verdade. Para o autor, é contraprodutivo acreditar em uma única verdade. A verdade científica pode ser conhecida apensas enquanto é mediada por perspectivas dos cientistas , logo há múltiplas descrições do que é visto e múltiplas verdades. Como outros autores, o autor propõe que o conhecimento é metafórico uma vez que reflete representações parciais do fenômeno apresentadas pelo pesquisador. O resultado de uma pesquisa não é uma única verdade e o progresso científico se faz pelo conhecimento de um domínio específico construído por diferentes perspectivas.
McLaughlin propõe que as funções da teoria são: entendimento (ajudam a entender e organizar os dados, sumarizar informações e dar ordem ao caos), transformação (mudar a relação entre leis e fatos, permite tirar conclusões, modificar o conteúdo e o conhecimento) e a previsão (estimular novas pesquisas e criação de novas hipóteses). Os tipos de teorias, o autor classifica em dois tipos gerais: as teorias dedutivas e indutivas. As primeiras começam com um conjunto de premissas e axiomas que são aceitos como verdades. As segundas têm sua origem em base empírica. O autor apresenta as vantagens e desvantagens desses dois tipos e argumenta a favor de colocá-las em um contínuo e não em pólos dicotômicos. Quanto ao conteúdo, o autor divide as teorias em micro e macro de acordo com do escopo do fenômeno investigado e aponta o caráter relativo dessa classificação. Em seguida, McLaughlin apresenta um esquema de como a formação da teoria se dá, passando de uma proto-teoria que é uma coleção de generalizações sobre um fenômeno em forma de afirmações que refletem uma perspectiva subjacente. Quando mais pesquisas se acumulam, as proto-teorias se desenvolvem em uma teoria verdadeira. Alguns problemas são indicados pelo autor com a proto-teorias. Finalmente o autor observa que nenhuma teoria permanece ou é refutada com base em uma única observação ou experimento.
Na última parte de seu texto, McLaughlin propõe alguns critérios para avaliação de uma teoria. Citando Kaplan, o autor propõe três categorias de normas para validação: correspondência (a teoria se adequa aos dados), coerência (é consistente com outras teorias) e pragmática (heuristicamente rica). Após comentar cada uma dessas normas, o autor sugere que seja incorporada também a confirmação que diz respeito à possibilidade de testagem da teoria. Essa norma é também chamada de “falsifiability”, ou seja a abertura dada pela teoria para que ela possa ser testada, confirmada ou desconfirmada.

LARSEN-FREEMAN, D; LONG, M.H. Theories second language acquisition. (7.1 e 7.2) In: LARSEN-FREEMAN, D; LONG, M.H. An introduction to second language acquisition research. London: Longman, 1991. p.220-227
Neste texto, os autores discutem o que é teórico e a proposta e o valor das teorias nas ciências sociais. Segundo os autores, é necessário se familiarizar com o processo de construção da teoria para que se possa realizar pesquisas significativas e para determinar o que é ciência ou não. O autor critica pesquisas de base empírica que, segundo ele, não deixam claro onde se quer chegar e não são motivadas teoricamente. Para o autor, alguns estudos são apenas descritivos e o problema apresentado parece ter ocorrido apenas depois da coleta dos dados. Estudos correlacionais, para os autores, são um pouco melhores. Segundo os autores, até mesmo estudos descritivos seriam importantes se estivessem reunidos em um eixo central, governados por uma teoria, ou seja, se fossem realizados cientificamente. Os autores observam que os pesquisadores, em geral, dão muita atenção à coleta de dados e metodologia e se esquecem do papel da teoria em seus trabalhos.
Em seguida os autores comentam a propostas e tipos de teorias. Os autores questionam o que é teoria e argumentam que algumas vezes é o conhecimento obtido mediante a observação empírica que toma a forma de um conjunto de leis. Em outras ocasiões, no entanto, é uma tentativa de explicar um fenômeno e envolve previsões sobre os futuros eventos.
Os autores dividem as teorias em dois grandes grupos: “set-of-law form”e “causal-process form”. Estes dois tipos de teorias seriam similares à distinção feita por McLaughlin entre teorias dedutivas e indutivas, respectivamente. Para os autores, estas duas formas de teoria não são as únicas e elas refletem um grau de idealização sobre o processo de construção da teoria. Finalmente os autores propõem que as teorias em SLA variam ao longo de um contínuo entre o nativismo, passando pelo interacionismo e chegando no ambientalismo. Elas diferem com relação à importância que elas dão aos mecanismos inatos, à interação entre os mecanismos inatos e aqueles adquiridos socialmente, os fatores ambientais e ao input lingüístico.
Theories of language development. Disponível em: http://www.colorado.edu/slhs/SLHS4560/7_theory/Ch7%20outline.htm
Este texto faz um resumo teórico do que vem a ser teoria e é apresentado em forma de esquema. Ele começa pelo questionamento do que é teoria e passa ao questionamento do porque se ter uma teoria. Em seguida nos são apontadas as grandes diferenças e dicotomias das teorias: nativismo x empirismo, estruturalismo x funcionalismo e competência x performance. O texto resume a posição nativista propondo a metáfora do “de dentro para fora”e cita os argumentos usados para a proposição desta teoria, como por exemplo, o argumento da pobreza de estímulo. De forma oposta, o empirismo é explicado com a metáfora “de fora para dentro”, salientando a importância do input. A diferença entre o estruturalismo e o funcionalismo é apontada com relação a importância dada ao meio ambiente. No estruturalismo, as regras são independentes das circunstâncias do ambiente. Já no funcionalismo, as regras emergem da interação entre a criança e o meio ambiente.
A distinção entre competência e desempenho, de acordo com a posição nativista, se baseia nos argumentos de Chomsky, com a competência se referindo ao conhecimento inato das regras gramaticais e a performance se referindo ao comportamento. Já na concepção interacionista, a competência significa competência para a performance.
Finalmente, nos são apresentadas três abordagens teóricas como sendo as principais: a behaviorista, a lingüística e a interacionista. Cada abordagem olha para a língua sob diferentes ângulos.

LANTOLF, J.P. Review article. SLA theory building: "Letting all the flowers bloom!" Language learning. v.46, n.4. p. 713-749.

Lantolf, neste artigo, faz uma reflexão crítica sobre a postura ideológica que tem fundamentado a grande maioria das pesquisas em LA, sobretudo na área de SLA. Segundo este autor, os pesquisadores dessa área têm adotado uma postura demasiadamente positivista. Lantolf apresenta o relativismo como uma postura ideologicamente correta e argumenta seu ponto de vista demonstrando o caráter metafórico da ciência. Para desenvolver seus argumentos, Lantolf faz uma análise crítica da literatura sobre SLA com base principalmente nos trabalhos de Beretta, Crookes, Eubank, Gregg, Long e Schumann.
O autor inicia seu texto observando um esforço coletivo que parece haver entre os teóricos citados acima de monopolizar forças para a formulação de uma única teoria de SLA e observa que um comum entre os argumentos desses diversos autores é um comprometimento ao racionalismo (embora eles digam o contrário) e um legado positivista que permeia as pesquisas em SLA. O autor critica a metáfora do conduíte segundo a qual a mente e a língua são containers que guardam pensamentos, idéias e significados. Assumindo uma postura pos-modernista, o autor observa que os significados são construídos pelo leitor/ouvinte e não dados pelo autor/falante. A visão modernista, criticada pelo autor, tem sua origem no iluminismo e enfatiza a necessidade de racionalidade científica e a procura pela “verdade” sobre a “realidade”. Um outro ponto em comum, identificado pelo autor, entre os pesquisadores com visão modernista é um certo “medo” do relativismo. Estes pesquisadores defendem a noção de progresso científico em direção a uma única “verdade”. Lantolf explica esta postura através de uma necessidade dos pesquisadores com esta visão modernista de relacionar as pesquisas em SLA às pesquisas naturais, ou como são chamadas, às “hard sciences”. O autor atribui este comportamento a uma “inveja” das ciências naturais, ou seja, para ser ciência é necessário que se tenha o comportamento dos pesquisadores das ciências naturais.
Para criticar esta postura, Lantolf observa o caráter metafórico da ciência. Desenvolvendo uma crítica a Gregg, Eubank, Beretta e Long, Lantolf apresenta uma afirmação de Schumann de que na pesquisa em SLA o que deve ser levado em consideração é a língua e não a lingüística e que a língua é muito mais que o conhecimento de um conjunto frases permitidas. Com esse argumento, Lantolf faz uma outra crítica não só à proposição da Gramática Universal de Chomsky, mas também à aceitação aparentemente coletiva do status de teoria e verdade absoluta atribuída à teoria de Chomsky pelos pensadores da SLA atual. Em um outro momento de seu texto, Lantolf demonstra como que a proposta Chomskiana pode ser vista como metafórica. Para tanto toma as metáforas do inatismo e da sentença para compor seus argumentos.
O autor sugere que deveríamos olhar para as distinções como as feitas entre aquisição/aprendizado e controle/automatismo não como construtos científicos mas como metáforas para a organização de nosso pensamento.. Para Lantolf, até mesmo os números e as estatísticas são usados como uma tática de persuasão para construir uma “realidade” parcial.
Lantolf propõe a metáfora científica como o entendimento de aspectos da “realidade” como relativos, uma vez que o pesquisador – ser construído socialmente – explica a “realidade” de acordo com o que ele acredita ser a realidade naquele momento. Seu pensamento não é a verdade absoluta, apenas uma forma de se ver a realidade naquele momento. Criticando Beretta, o autor cita Ellis (!995) que comenta que as teorias não são criações fora de um contexto, mas são desenvolvidas por grupos específicos de pesquisadores com intenções e propostas específicas. O que torna a ciência rica é o questionamento de uma visão parcial da realidade por outra visão também parcial dessa mesma realidade. Estas diferentes visões concorrem para que a pesquisa científica continue se desenvolvendo. Esta é a visão do relativismo. O relativismo em sua versão mais forte seria a visão das teorias enquanto metáforas, reguladas ou em alguns casos mitificadas, que criam através dos meios lingüísticos a mesma realidade que elas tentam explicar. A versão mais moderada do relativismo sugere um único conhecimento, porém um conhecimento apenas parcial da realidade. É parcial no sentido de que as observações são sempre e em qualquer lugar mediadas pela sociedade, e acima de tudo pela língua. É a visão de Whorf ao propor o princípio da relatividade lingüística.
Argumentando a favor do relativismo, Lantolf critica os estudos realizados em SLA que objetivam eliminar deste campo teórico o relativismo. O autor critica Long quando este propõe que teorias opostas devam ser eliminadas e Beretta quando este advoga que as ciências tradicionais devam dominar. O autor critica ainda os autores citados acima, com exceção de Schumann de sofrerem de “relativafobia” que, segundo ele, diz respeito ao medo de que não haja nenhuma posição privilegiada e única da qual se origina o conhecimento. Sua raiz reside no pressuposto de que diferença e heterogeneidade sejam impedimentos para se alcançar a “verdade”. Segundo Lantolf a idéia de que teorias apropriadas são construtos lógicos e literais é uma metáfora em si mesma.
O autor desenvolve uma crítica ao mito da “literalização”. Para tanto, o autor distingue entre linguagem metafórica e linguagem literal e afirma que os cientistas lutam em vão para desenvolver uma linguagem literal. Para Lantolf, a linguagem metafórica é usada quando um padrão é alterado, logo diversas metáforas são usadas para explicar aquele comportamento. Quando este padrão alterado é integrado à prática comum, passa a ser literal. Quanto maior a aceitação de algo à linguagem científica e padrão, maior também é a diminuição do trabalho científico naquela área. Quanto mais algo é aceito como “verdade única” e não como “visão metafórica”, menor é a propensão de desenvolvimento científico naquela área. Sendo assim, a qualidade metafórica é inerente à ciência Segundo o autor, sem a metáfora, o pensamento científico ficaria paralisado.
Lantolf salienta ainda o risco da mistificação, segundo o qual uma metáfora é aceita como verdadeira e do absolutismo segundo o qual determinada metáfora é aceita como única para a explicação da realidade. Isto ocorre quando algum teórico não reconhece outras versões da mesma realidade e assume que sua teoria se configura em uma verdade única. Segundo Lantolf, esta posição retrata uma estrutura de poder, conforme sugerida por Foucault ao propor que a verdade não é descoberta e sim construída por aqueles que detêm o poder e que estes, em troca, imbuem de poder aqueles que detêm de mais poder.
O autor distingue ainda entre relativismo “epstemic” e “judgmental”. O primeiro reconhece que o conhecimento é sempre construído e modelado pelas cisrcunstâncias sóciohistóricas e não pode ser descrito extralingüisticamente. O segundo se diferencia pela insistência de que porque todo conhecimento é situado, e logo delineado pelas forças sóciohistóricas e lingüísticas, ele é todo igualmente válido, então não é legítimo comparar e discriminar entre diferentes tipos de conhecimento.
Na seção final de seu texto, Lantolf critica o suporte leal a apenas uma verdade que a torna literal e absoluta, tirando dela seu caráter metafórico e conduzindo à paralisia científica. Para esclarecer seus argumentos, recorre à noção de voz desenvolvida por Bakhtin, segundo a qual a voz de um indivíduo tem sua origem na imitação de múltiplas vozes de outros, apropriadas durante sua existência. Vozes totalitaristas e autoritárias são aquelas que são ideológicas e demandam suporte leal e inquestionável a ela, não permitindo que outras vozes possam ser escutadas. O autor cita exemplos de como livros didáticos apresentam o conhecimento como verdade absoluta e como o discurso da tradição Chomskiana pode ser um exemplo deste totalitarismo científico. Segundo o autor, Chomsky “assumiu o controle da lingüísitica” não convencendo as gerações anteriores, mas ganhando o suporte leal e inquestionável dos mais talentosos estudantes das gerações que lhe sucederam. Concluindo seu texto, Lantolf propõe o relativismo como não apenas um posicionamento viável, mas necessário para que o conhecimento científico se desenvolva.

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