Subject: O comunismo não é apenas stalinismo |
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Date Posted: 26/06/05 0:13:47
In reply to:
Ana Maria
's message, "Setenta anos? Mas não faleceu Staline 36 anos depois da revolução de 1917?" on 25/06/05 21:44:00
Aninhas.
Só apanhaste o verso da história? Olha que há também o reverso.
De facto, o que valeu ao comunismo russo, no seu início, foi essa imagem mítica da revolução, para mais vítima da agressão estrangeira. País atrasado, que entrava pelo golpe de estado revolucionário na senda do progresso, a revolução russa pôde congregar o apoio e a simpatia de muitos revolucionários e de gente progressista de todo o Mundo, ainda que não comunista.
Depois, foi a grande crise do capitalismo, coincidente com os tempos muito menos duros da NEP na Rússia, e que permitiu à propaganda apresentar o comunismo como a salvação da humanidade, perante a miséria que a grande crise capitalista espalhava pelo Mundo. Sucessivamente, vieram a guerra civil de espanha, que possibilitou a viragem propagandística para o anti-fascismo; a ascensão do nazismo na Alemanha, que ajudou a fortalecer a propaganda; a segunda guerra mundial, de que a Rússia foi a principal vítima; e a guerra-fria, que manteve os resultados do rescaldo da guerra. Todas estas circunstâncias externas, que tiveram o condão de fortalecer o sentimento nacionalista, aliadas a uma política interna de repressão e de terror, possibilitaram ao comunismo aguentar-se 74 anos. Depois, em tempos de convivência pacífica e de concorrência entre sistemas, viu-se no que deram as fanfarronadas do Kruchov.
Confundes comunismo com stalinismo, mas a gente não engole essa patranha tão primária. O comunismo pós-Stáline pôs gradualmente fim à barbárie do terror termidoriano, em que os comunas se mantavam uns aos outros, mas não acabou com as execuções sumárias nem com o Gulag, essa rede de campos de trabalho forçado, que só muito mais tarde veio a ser reformulado. Imagina o que era esse terror sobre os adversários no interior do PC, que o golpe palaciano do Brejnev não ter acabado num banho de sangue já foi considerado pelo Kruchov uma grande vitória!
Em relação ao próprio Stáline, confundes muitíssima coisa, a começar pelas datas e por atribuires a idolatria do personagem ao comunismo folclórico desses personagens que enumeras. Muito mais sólida e consistente, porque praticada, era a devoção que por ele tinham muitos quadros dirigentes do PCP. Mas, é claro, porque dependente do farol que iluminava os revolucionários, o pragmatismo cunhalista do PCP nunca ousou questionar fosse o que fosse do comunismo russo, não fosse o diabo tece-las.
Dá-nos, portanto, outra música que essa já estamos fartos de bailar.
Bons sonhos, meu anjo.
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