| Subject: Achei piada terem posto aqui este texto do Álvaro que me soou familiar... |
Author:
Ana Maria
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Date Posted: 21/06/05 23:11:37
In reply to:
Álvaro Cunhal
's message, "O projecto de sociedade socialista" on 21/06/05 21:15:47
Achei piada terem posto aqui este texto do Álvaro que me soou familiar. Afinal até tenho o livrinho donde extraíram o texto. Diz na contracapa:
"As duas intervenções publicadas neste Caderno foram feitas numa reunião de quadros de carácter informativo realizada no Centro de Trabalho da Rua Soeiro Pereira Gomes, no dia 2 de Março de 1991, no âmbito da preparação das comemorações do 70º Aniversário do PCP (...)"
É um livrinho (pouco maior que uma agenda de bolso), despretensioso, com uma linguagem muito acessível, mas que trata de questões muito actuais. Por exemplo consta do índice da primeira intervenção: História do PCP, actividade legal (1921-1926); O PCP organiza-se na luta clandestina (1926-1939); A reorganização de 1940-1941; O IV Congresso (1946); O Partido no tempo da guerra-fria; a crise da ditadura fascista e a luta pelo seu derrubamento (1960-1974); O VI Congresso (1965); O Partido, os trabalhadores e as massas na Revolução de Abril; Elementos basilares da acção do Partido; Objectivos gerais e objectivos imediatos; A ligação com as massas; A unidade da classe operária e os movimentos sociais unitários; A unidade dos democratas; Força organizada e firmeza ideológica do Partido; Os quadros revolucionários; A identidade do PCP: a natureza de classe; O projecto de sociedade socialista; A democracia interna (é o texto que está aí); O marxismo-leninismo; O internacionalismo; Os grandes objectivos políticos.
A segunda intervenção, tratou de: A via para o derrubamento da ditadura fascista; A libertação vinda de fora; O reviralho; O browderismo; A política de transição e a via pacífica; O levantamento nacional armado; A ARA; Organização militar; O esquerdismo; A política de unidade do Partido; O MUD, Mulheres; Juventude; Campesinato; Comité Central do Partido; democracia interna; Funcionários do Partido; A propaganda; O PCP e a IC; O caso de Carlos Rates e a IC; O caso de Francisco Paula de Oliveira; O PCP no MCI; Afeganistão; Staline; Solidariedade internacionalista.
Deixo o texto "O Esquerdismo" (páginas 88 a 90):
"No que respeita ao que um camarada colocou sobre o esquerdismo. Também o esquerdismo não teve apenas expressão num dado momento. O esquerdismo, tal como o oportunismo de direita, foi sempre uma tendência que se manifestou, num ou noutro período, de formas diferenciadas, ao longo da história do Partido. Até podemos dizer que o combate contra o oportunismo de direita e o oportunismo de esquerda foram sempre também constantes da acção do nosso Partido. Em condições diferentes, com critérios talvez diferenciados, por vezes com avaliações diferenciadas, e não podemos hoje dizer que sempre tenham sido correctos na avaliação das várias políticas, mas de qualquer forma esta luta contra o esquerdismo foi uma constante que teve muitas expressões.
Contra o anarco-sindicalismo, contra o sectarismo, contra o obreirismo, contra o maoismo, como expressão portuguesa e como expressão internacional, e depois, numa fase mais recente, contra tendências que desprezavam a acção de massas, o trabalho organizativo e que defendiam a acção directa imediata, a insurreição imediata que afinal nem era insurreição, era um putch de carácter terrorista, ou acções de terrorismo individual.
Nos anos 70, 71, 72, 73, enfim até 74, havia muitos grupos em Portugal, e fora, qe diziam que o Partido devia ultrapassar formas de lutas como lutas demassas, como trabalho nos sindicatos, pois tudo isto estava já ultrapassado, e que era a acção armada de grupos armados o caminho para o derrubamento do fascismo. E então criticavam-nos de um ponto de vista de esquerda, digamos assim. Silva Marques, por exemplo, certamente conhecem este nome, porque é deputado do PSD. Bem, ele era membro do Partido, saíu pela esquerda, saíu porque achava que nós não éramos suficientemente revolucionários. Também conhecem talvez o nome de António Barreto, que foi ministro da Agricultura do PS e lançou a ofensiva contra a Reforma Agrária. Também foi membro do Partido, também em tempos saíu pela esquerda, também achava que nós não éramos suficientemente revolucionários. Estes exemplos fazem lembrar mais, não é? Os cinco da Suiça, que nessa altura achavam que nós não éramos tão revolucionários como devíamos ser. E outros.
A experiência depois do 25 de Abril também mostrou como o excesso esquerdista dá um salto para a direita com muita facilidade. Vejamos por exemplo o MRPP, os homens do MRPP onde é que hoje se encontram? Se começarmos a citar, creio que se arranjarão para aqui umas dúzias. Alguns como executantes da política de direita do PS. Outros destacados dirigentes do PSD."
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