Author:
Ruben de Carvalho
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Date Posted: 16/05/05 13:53:30
In reply to:
Ruben de Carvalho
's message, "Convicção. Ruben de Carvalho diz que a CDU está na corrida para ganhar" on 16/05/05 13:49:16
entrevista
Filipe Santos Costa e Luísa Botinas, DN, 16/05/05
Avaliar a real situação da câmara é prioritário
Gosto. Ruben de Carvalho diz que as Twin Towers lhe desagradam
Como é possível compatibilizar a posição do PCP de defesa da legalidade e do planeamento com posições assumidas durante o mandato de João Soares, no qual foram aprovados empreendimentos sem planos de pormenor?
Há casos e casos. No caso de Alcântara Rio opusemo-nos frontalmente. O problema das coligações é que têm custos. Uma coligação não é por definição a expressão da política de nenhum dos coligados. Por outro lado, numa coligação há compromissos e assume-se o respeito por eles. Em muitos casos isso significa que o PCP respeita esses compromissos, mesmo quando, por vezes, em rigor discorda da situação. Se me perguntar o que é que faria, discordo de algumas medidas que foram tomadas.
Quer dizer que faz um balanço negativo da coligação?
Acho que a coligação não foi isenta de erros. Sem querer sacudir a água do capote, a maior responsabilidade conceptual e executiva desses erros até nem foi nossa.
E a actuação do PCP na câmara durante estes anos?
Eu não conto nesse balanço apenas com aquilo que os meus camaradas tiveram que fazer por força da coligação. Conto com aquilo que eles fizeram por estarem na câmara e isso foi inquestionavelmente positivo.
Mas têm defendido o indefensável perante Santana Lopes.
Há coisas de fundo, onde a nossa posição de princípio sempre foi a mesma. Sempre nos opusemos à habillidade de contornar o PDM, relativamente às imposições que fazia em zonas estruturantes para a elaboração de planos de pormenor, mediante o artifício de loteamentos.
É capaz de dizer um dois projectos que na sua opinião não teria deixado passar?
Como cidadão devo dizer que as Twin Towers me dão a volta ao estômago. Mas, a realidade já me ensinou a ser prudente relativamente a este tipo de julgamentos. Por isso é que são importantes os planos de pormenor, as discussões públicas.
Essa preocupação pelo cumprimento de planos tem ligado o PCP a uma posição de imobilismo e até de sectarismo relativamente a novas formas de gestão autárquica, nomeadamente as parcerias público/privado. Vê inconvenientes?
Não vejo inconvenientes nas parcerias público/privado desde que se tenha em conta o primado do interesse público. Isso para nós é incontornável. O papel da câmara é defender o interesse público. Mas não posso estar de acordo numa parceria como a que aconteceu no Parque Mayer/Feira Popular na qual a Bragaparques ganha oito milhões de contos com uma permuta, em que os terrenos do Parque Mayer destinados a fins culturais são avaliados por um preço mais alto que os terrenos da Avenida da República que se destinam à construção de habitação e comércio. Destas parcerias não!
Que soluções é que já pensou para problemas que vão ficar para o próximo mandato como o do túnel, as finanças e orçamento, Parque Mayer e a revisão do PDM?
A primeira coisa que uma política séria tem que fazer é avaliar a situação da câmara. Estes quatro anos foram catastróficos para as finanças da câmara, e o seu próprio funcionamento, com o desmantelamento da sua estrutura, corre o risco de ter andado para trás. Tudo isto tem de ser diagnosticado e depois tem de tomar-se medidas. Em relação ao túnel, não alteramos nada ao que pensamos. Sempre fomos contra, ainda o PS andava a dizer que Santana Lopes tinha o direito de o fazer porque o inscrevera no seu programa eleitoral.Tomámos medidas contra, muito antes do embargo do dr. Sá Fernandes. E propusemos uma solução que mantemos já que a obra está feita até agora e o dinheiro gasto, que se faça o túnel até à Rua Castilho.
Acha que o papel de Sá Fernandes foi fundamental?
O dr. Sá Fernandes teve o mérito de apresentar a providência cautelar. Mas quando ele cá chegou nós já andávamos nesta batalha há alguns anos, fizemos queixas ao Tribunal de Contas. O dr. Sá Fernandes deu mais um contributo mas não foi determinante. Para o Parque Mayer proponho que antes de tudo se faça o Plano de Pormenor, partindo do princípio de que deve continuar a ter uma componente de fruição cultural.
Mas isso também o dr. Santana quer...
Antes de mais gostaria de conhecer o projecto do arquitecto Gehry. Ainda nem há contrato assinado com ele. Tenho dúvidas que ele deva ser assinado agora. Este filme do Parque Mayer, ao fim de quatro anos de gestão Santana/Carmona, deu como consequência que o Parque está na mesma, deixámos de ter Feira Popular, a Bragaparques já ganhou 8 milhões de contos e temos um casino que não me parece que fosse uma prioridade.
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