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Subject: SILÊNCIOS PESADOS


Author:
António Vilarigues (Público, 30.05.2007)
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Date Posted: 1/06/07 15:55:54

SILÊNCIOS PESADOS



“A comunicação social nos nossos dias reproduz como nunca a ideologia dominante. Seja na TV, na rádio ou nos jornais. Como negócio rege-se pelas leis do lucro. As audiências, ou as tiragens, com as consequentes receitas da publicidade, determinam, em última análise, os seus conteúdos essenciais. (…) Mas também o que não se noticia. O que se silencia é, na maior parte das vezes, tão ou mais importante do que o que se publica”, escrevi em Dezembro de 2005 nestas mesmas páginas.


Ano e meio depois o panorama mantém-se sem alterações. Creio que se há força política em Portugal vítima dos ditos “silêncios” é sem sombra de dúvida o Partido Comunista Português (PCP). Na última meia dúzia de meses os exemplos abundam.


A 16 de Dezembro de 2006 o PCP realizou na Baixa da Banheira um Encontro Nacional “Portugal e a União Europeia” nos 20 anos de adesão de às comunidades europeias. Nele especialistas de diversas áreas e de diferentes origens geográficas produziram cerca de 40 intervenções. Procederam a um balanço aprofundado da situação do País e avaliaram os impactos produzidos pela integração europeia. Com objectividade e consideração pelo interesse nacional. TV, rádio e jornais (mesmo os económicos), silenciaram completamente a iniciativa. Porquê? Não tem interesse jornalístico? Não é notícia?


A 12 e 13 de Janeiro de 2007 o Comité Central do PCP reuniu. Analisou a situação nacional e internacional e traçou todo o calendário de actividade para o ano de 2007 (documento com 32000 caracteres). Procedeu a alterações significativas de responsabilidades nos Organismos Executivos do Comité Central. Aprovou uma resolução sobre o reforço do Partido em 2007 intitulada «Sim, é possível! Um PCP mais forte», quantificada e pormenorizada. Aprovou um apelo com orientações para o referendo de 11 de Fevereiro sobre a IVG. Mereceu zero linhas neste jornal. Meia dúzia nos outros. Na TV e na rádio alguns segundos. Qual o critério jornalístico? Nada disto é noticia (concorde-se ou discorde-se dos conteúdos)?


A 8 de Fevereiro faleceu com 92 anos Sérgio Vilarigues. Militante comunista durante 75 anos. Dirigente do PCP de 1942 a 1996. Membro dos organismos executivos do Comité Central (Comissão Política e Secretariado) perto de 50 anos. Responsável num total de 16 anos pelo jornal “Avante!”. Trinta e dois anos seguidos de clandestinidade sem ser preso o que não encontra paralelo a nível europeu, pelo menos. Preso aos 19 anos durante 6 anos correu as prisões do Aljube, Peniche, Angra do Heroísmo e Campo do Tarrafal. Registe-se aqui que, à excepção da Lusa, nenhum órgão da comunicação social dita de referência esteve presente nas cerimónias fúnebres. E já agora, que nenhum órgão de soberania se fez representar.


A 6 de Maio tiveram lugar eleições regionais antecipadas na Região Autónoma da Madeira. Durante o período de campanha a RTP nacional dedicou mais de 85% dos seus serviços noticiosos sobre este tema ao PSD e ao PS. Na noite das eleições, em quadro impresso a meio do escrutínio, “esqueceu-se” de pôr o resultado da CDU. Quase que se omitiu o facto da CDU ter passado de quarta para terceira força política na região. Bem como o ter mantido os seus dois eleitos num quadro de redução de 21 deputados. Não houve uma palavra para o facto de o número de partidos representado na Assembleia Legislativa ter passado de 5 para 7.


A 7 de Maio a RTP apresentou mais um programa “Prós e Contras”. Desta feita sobre o “Choque de Valores”. Do painel de convidados foi ostensivamente excluído alguém da área do PCP. Confrontada com este facto, Fátima Campos Ferreira respondeu candidamente à Lusa que o programa “debate ideias e não faz representação do leque partidário da Assembleia da República” e que “foram convidados quatro pensadores, escolhidos pelo seu valor intelectual”. Só lhe faltou ter pena dos coitadinhos dos comunistas, que não pensam, não têm valor intelectual, não sabem participar num debate de ideias, nem entendem critérios tão claros e evidentes!


Perante a indignação e o protesto dos comunistas declarou que “não posso estar preocupada com isso, estou sim preocupada com o pluralismo de opiniões de pessoas de diferentes áreas”. O que nos leva a concluir que das duas uma: ou os comunistas não são para ela (e outros mais, diga-se em abono da verdade) uma “área” com opiniões. Ou as “diferentes áreas” de opinião que lhe (s) interessam não incluem o PCP.


Nesse mesmo dia mais de mil pessoas à porta da Casa do Artista protestaram contra mais esta discriminação. Nenhum órgão da comunicação social, à excepção do “Avante!”, esteve presente. A própria RTP não colheu uma única imagem da manifestação que lhe bateu à porta. Nenhum dos outros canais privados, sempre tão expeditos a explorar os infortúnios do canal público, lá mandou um único jornalista. Apenas o Público e o DN assinalaram o caso com umas notícias discretas. Porquê? O tema não era notícia?


Registe-se que o provedor do telespectador da RTP (José Manuel Paquete de Oliveira) deu razão ao PCP: “a omissão de uma personalidade na esfera política do PCP é facilmente susceptível de consubstanciar uma atitude de discriminação”.


Em Portugal mais de uma centena de órgãos de comunicação social estão nas mãos de cinco grandes grupos económicos, revelou recentemente o professor universitário, Fernando Correia. O que vem mais uma vez confirmar que a lei basilar da chamada economia de mercado da concentração e centralização do capital também se manifesta neste sector.


Será que estes “silêncios” têm alguma coisa a ver com este facto?...




Especialista em Sistemas de Comunicação e Informação




2007-05-18

António Vilarigues

anm_vilarigues@hotmail.com

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Subject Author Date
Internet será a principal fonte de consumo de informação dentro de cinco anosLusa11/06/07 19:12:13


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