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Subject: A propósito de "Uma questão de método, ou restringir a discussão ao essencial em vez de..."


Author:
Guilherme Statter
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Date Posted: 7/12/06 1:10:15

Em 23 de Novembro de 2006, "Visitante" colocou aqui um extenso comentário. Na altura limitei-me a chamar a atenção para a irredutibilidade das posições "em confronto".
É altura de prestar alguns esclarecimentos em benefício de outros eventuais leitores...

Apesar de estarmos em democracia e cada um ter o direito de escrever sobre o que mais lhe apetecer, o sr. Visitante decidiu colocar-se na posição de Juiz, como que "membro honorário de um Júri" que decide soberanamente o que cada um deve comentar ou deixar de comentar. Na sua opinião eu não deveria perder tempo a "discorrer" sobre aquilo que se diz que disse Marx.
O que era mesmo bom era eu discutir a Teoria do Valor e a "explicação da exploração"; a queda tendencial da taxa de lucro e a teoria da revolução social.
Pois é, para espanto de quem leia esta linhas e tenha andado por aqui (por este Dotecome.com) julgava eu, na minha santa ingenuidade, que com excepção da "teoria da revolução social", era exactamente isso que eu tenho andado aqui a fazer. A "teoria do valor", a "explicação da exploração" e a "queda tendencial da taxa de lucro".
Pelos vistos o melhor é mesmo ir pregar para outra freguesia. Como algumas almas caridosas já aconselharam.
Mas antes (ou melhor, em vez disso...) e para que conste aqui ficam algumas reflexões avulsas sobre os considerandos que o sr. Visitante elaborou acerca da minha revisão crítica do "inventory of ideas" do sr. C.Wright Mills.

Em primeiro lugar vem o remoque crítico "Como é habitual, o autor não parte dos textos vernáculos do Marx"...
Se se tratava explicitamente de rever criticamente aquilo que se diz sobre o que é suposto ter dito Marx (as chamadas "fontes secundárias"...) era um "aborto técnico" recorrer aos originais. Aquilo que está convencionado nestas coisas, é assim. Não faz sentido criticar ou analisar as "fontes primárias" (para o caso aquilo que efectivamente escreveram Marx e Engels) quando aquilo que se pretende analisar é aquilo "que sobrou para a literatura corrente" e é - para mal dos nossos pecados - ensinado por esse mundo fora.
Eu também gostava que os nossos professores em vez de ensinarem "Economics" ensinassem "Economia Política", mas não... E quando falam de Marx (se falam, claro...), normalmente é com base naquele tipo de textos do "Inventory of ideas"
O rigor interpretativo dos autores que comentam e divulgam Marx nas "nossas" escolas é exactamente uma das questões em aberto. Mas, por seu lado, a qualificação técnica do nosso Visitante para qualificar (ou classificar) o "rigor interpretativo" dos outros, fica claramente estabelecido quando diz de Marx "a sua componente idealista, não científica, baseada na profecia que aponta o comunismo como necessário sucessor do capitalismo"
Fiquei também a saber que o "esforço" (o que "isto" me tem custado... sobretudo em pachorra!) para "confirmar ou infirmar" as previsões atribuídas a Marx é "infrutífero, dispendioso, porque o método é errado".
Quanto a ser infrutífero, além de não reconhecer ao sr. Visitante autoridade para passar sentença nesta matéria (o mercado das opiniões é livre, ainda não está regulamentado), esclareço o sr. Visitante (e por tabela outros comentadores...) que, nisto de ser "frutífero" ou "infrutífero", sou eu que vou ficando em dívida... (eh eh eh...)
Não é masoquismo, é uma incitação que eu até agradeço e que vou aproveitando para escrevinhar umas coisas. Na volta ainda dá material para um livro.
No que diz respeito a ser "dispendioso", tanto quanto eu saiba ainda não apresentei nenhuma conta ao sr. Visitante, nem recebi qualquer bolsa da FCT ou de qualquer repartição estatal... Não sai do Orçamento. Por isso pode o sr. Visitante estar descansado. Não pagará nem um cêntimo. A não ser do seu tempo, mas isso é lá com ele. Ninguém o obriga a vir aqui ler e tecer os comentários que melhor lhe apetecer.
Quanto ao método ser errado, desculpar-me-á, mas na "metodologia das ciências sociais" (cadeira dos primeiros anos de qualquer curso de Sociologia) é exactamente isto que se aprende: comparar os resultados empíricos verificados na prática da vida (a História é também como que um "banco de ensaios" da Sociologia), justamente com aquilo que é suposto ter sido previsto. É assim que os "institutos de sondagens" (nomeadamente nas eleições) vão ganhando credibilidade.
Entretanto devo dizer, e desculpar-me-á o sr. Visitante, mas não gosto, não sei porquê, da expressão "profecias". Acho-a mesmo despropositada. A menos que o sr. Visitante queira sublinhar o caracter "idealista" ("utópico" ?...) que por opção sempre atribui a Marx.
Depois o sr. Visitante contrasta dois conceitos de uma forma muito interessante (até me obrigou a ir ver outra vez o Dicionário...) "Premissas" e "Postulados".
Diz a certa altura "Melhor método, portanto, para economia de esforço, seria restringir a discussão ao essencial, confrontar os postulados com as premissas que lhes deram origem"
"Ipsis verbis", como diziam os Romanos... Tal e qual como diria o nosso Zé Povo.
Postulado = aquilo que se declara (ou assume) como tão evidente que não precisa (ou não requer) prova ou demonstração. É por isso mesmo utilizado como ponto de partida para uma demonstração lógica qualquer
Está-se mesmo a ver (toda a gente sabe) que Marx e Engels não tiveram que se dar a um trabalho exaustivo (aliás reflectido nas milhares de páginas que nos deixaram com factos, números, estatísticas...).
Não senhor. Formularam uma série de postulados (de tão evidentes que não era preciso serem provados...) e partiram para as suas demonstrações de que o Capital funciona de determinada maneira e deverá naturalmente propiciar a sua própria superação.
Premissa = aquilo que se declara ainda que em forma de "uma primeira tentativa", que se presume como verdadeiro ou como sendo os "pontos de partida" aceites pelas partes interessadas na investigação
Ou seja, o sr. Visitante preferia que eu me tivesse entretido a comparar ("confrontar") os "pontos de partida" (que de tão evidentes não requerem demonstração) com os "pontos de partida" (que são tidos como verdadeiros e aceites pelas partes...).
Por outras palavras, o que era mesmo interessante era eu entreter-me com argumentações de "pescadinha-de-rabo-na-boca".
Mas por mim, se o sr. Visitante não se importa, prefiro ater-me ao pragmatismo das coisas mais práticas. Comparar a realidade social e económica que temos (e que está documentada), com as previsões científicas que foram feitas (ou não...)
Depois o sr. Visitante lá vai "pagando" aquilo que os Ingleses chamam de <"lip service" à memória de Marx...
"O mérito do Marx advém mais dos aspectos gerais da sua obra do que dos aspectos concretos com que procurou fundamentar a profecia idealista que anunciara na proclamação panfletária de 1848".
Pois... Imagine-se um edifício monumental, muito elaborado e cheio de requintes e minudências de arquitectura (assim uma obra do Gaudi...). Chega um crítico e diz assim, "isto está tudo muito bem e muito, muito bonito.... Só aqueles pilares ali é que estão a mais"... O dono da obra, muito respeitoso da crítica assim formulada não está com meias medidas. Vá de deitar abaixo os pilares. Como é evidente o prédio vai todo abaixo...
Deve ser isso que pretendem os correlegionários do sr. Visitante. Demolir o "concreto" para ficar o quê?...
Entretanto, suspeito – por aquela referência à "narrativa" e aos "discursos legitimadores" – que o sr. Visitante faz parte do vastíssimo grupo de intelectuais que se reclamam do pós-modernismo... Mas posso estar enganado.
Ficámos também a saber que "A crítica do capitalismo, porém, é totalmente infrutífera, como qualquer outra crítica da realidade empírica"
...A crítica da realidade empírica é totalmente infrutífera...
"A realidade não é susceptível de mudança através da crítica de alguns dos seus aspectos ou características; o que pode ser objecto de crítica são os discursos explicativos e legitimadores da realidade, não a própria realidade
"Ipsis verbis", como diziam os Romanos... Tal e qual como diria o nosso Zé Povo.
E depois Karl Marx é que é "idealista"...
Finalmente o "ramalhete final" ou a "cereja em cima do bolo":
Ou melhor, a "sentença final e definitiva":
mas as questões basilares, como sejam a teoria do valor, a explicação da exploração, a tendência para a queda da taxa de lucro e o pauperismo do proletariado, e a teoria da revolução social (meramente esboçada num célebre prefácio) são totalmente destituídos de qualquer fundamento, não só porque partem de premissas erradas como se baseiam em raciocínios também eles errados.
As tais premissas que deveriam ser confrontadas com os postulados...
Finalmente, se bem me lembro o que Marx prenunciou foi o princípio da História... Não o seu fim. Mas isso é capaz de ser um bocado mais complexo para estar agora para aqui a botar mais palpites...
Muito boa noite a quaisquer eventuais visitantes.

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Ou de como não se deve gastar cera com ruim defunto, isto é, fiéis devotos... (NT)Visitante12/12/06 8:48:09


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