Author:
Jorge Nascimento Fernandes
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Date Posted: 23:02:19 08/28/02 Wed
In reply to:
Fernando Redondo
's message, "RF desperdiça Marx" on 19:31:09 08/28/02 Wed
Marxismo e Globalização - uma recensão crítica
Mais de pressa do gostaria, obriga-me o Fernando a vir à liça a defender a minha dama, neste caso um livro que referi neste fórum: "Marxismo e Globalização", de Ronaldo Fonseca (RF), Campo das Letra..
Li grandes partes do livro de uma penada, coisa que neste tipo de literatura não é fácil, o que só mostra o seu interesse e o modo despretensioso e acessível como está escrito.
Chamou-me principalmente a atenção, porque muitos dos temas que temos vindo a discutir estão lá abordados e por isso senti a necessidade de o recomendar, já que era um ponto de vista sobre matérias que nos interessavam.
Penso que o livro de RF, que já não é a primeira vez que escreve para editoras portuguesas, comprei na altura própria o seu livro sobre "A questão do Estado na Revolução Portuguesa", provavelmente hoje um livro um pouco ilegível, tem o mérito de, numa posição de esquerda marxista, fazer a crítica a muitos dos sectarismos vigentes, mas igualmente à social-democracia reinante. Provavelmente este ponto de vista não será do agrado de todos, mas tem o mérito de ser claro.
Um dos melhores capítulos do seu trabalho é o capitulo sobre "Reflexões sobre as causas da desagregação da URSS", é uma crítica de esquerda, provavelmente de um maoismo tardio, mas que tem o mérito de focar muitos dos pontos de vista que alguns de nós têm vindo aqui a defender e estão de acordo com um textozinho que eu tempos escrevi, dirigido ao João Braz, que penso que desapareceu com o primeiro fórum, sobre uma recensão crítica do Paul Sweezy ao livro de Charles Bettelheim sobre "A luta de Classes na URSS".
Por outro lado, noutro capítulo dedicado ao "Materialismo Histórico e a Metodologia das Ciências Naturais", retoma a discussão, aqui igualmente travada, sobre marxismo e darwinismo e resolve-a, de certo modo, na perspectiva que eu apontei, daí provavelmente uma das causas da minha preferência.
Quanto ao texto que o Fernando citou e que criticou severamente, ele está integrado num capítulo denominado "Notas sobre a globalização", que logo na sua primeira parte, no ponto 5, tem uma referência à queda tendencial da taxa média de lucro de lucro, a propósito "da complexificação cada vez maior do sistema capitalista-imperialista", que o Fernando chama o digitalismo, que é muito semelhante à que foi referida pelo Paulo Fidalgo, na polémica que sobre este assunto travou aqui com o Fernando.
É evidente que o texto que o Fernando cita, e que eu já tinha inicialmente referido, não é dos mais brilhantes, acima de tudo porque é difícil, para quem não conhece bem os "Grundrisse", de Marx, saber se a interpretação do RF é a correcta.
Devo confessar que, não estando muito de acordo com as propostas do Fernando sobre um novo modo de produção que ele chama digitalismo, e já o disse aqui uma vez, aquele texto na altura em que o li serviu-me optimamente para responder às questões do Fernando, dado que o tema da economia, do ponto de vista dos meus conhecimentos do marxismo, não é o meu forte. O Fernando captou bem, puxando a brasa à sua sardinha, as suas deficiências, que poderão ser mais: suspeito que, por exemplo, não estarei de acordo com a hipervalorização do livro de Lukacs, "A Destruição da Razão".
Quando houver mais oportunidade desenvolverei esta recensão, mas, no entanto, não quero ficar conhecido neste fórum como o patetinha que só fala do livro do RF.
Um abraço
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