Subject: subscrevo o JNascimento Fernandes |
Author:
Paulo Fidalgo
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Date Posted: 12:19:41 09/01/02 Sun
In reply to:
Jorge Nascimento Fernandes
's message, "A Esquerda Necessária - um comentário" on 16:37:23 08/31/02 Sat
Depois de andar a passear na Karl Marx Allee, em Berlim, de me ter interrogado sobre como se atirou (e também foi atirado) ao charco o socialimo, fiquei surpreendido com este editorial do LCarvalho sobre várias coisas importantes e que apoio, mas fiquei, disse, surpreendido com aquela dos que querem gerir o capitalismo "a todo o custo".
subscrevo os comentários do JNFernandes a este propósito.
Alías, a "todo custo", explicou-me sempre o meu pai que é militar, significa ao custo da prórpia vida. Significa o sacrífio de pequenos destacamentos que resistem até à morte para retardar o avanço do inimigo e proporcionar às tropoas próprias uma retirada mais ao menos organizada para posições mais favoráveis.
Se a "todo o custo" significa desejar partilhar com o capitalismo as benesses do poder burguês, para além de constituir quanto a mim uma concessão um tanto acrítica a pontos de vista que a direcção tem lançado sobre muitos membros do partido, contém uma contradição formal, pois a "todo o custo" seria neste caso aderir ao PS e até ao PSD como a Zita Seabra (aliás, burguês por burguês é mais consistente e coerente ir para o PSD do que para as meias tintas do PS). Este "todo o custo" é insustentável porque o custo final ainda não foi percorrido e só então poderia ser sustentado.
No mínimo, o LCarvalho deveria interrogar-se porque tal não aconteceu. Se calhar, um espírito aberto colcoaria a seguinte questão: se não há transfugas, então é porque se calhar há condições que se estão a defender, essas sim com o espírito da parábola do a "todo o custo". Discutir essas condições é que me parecer o cerne da questão. LCarvalho considera que não se deve ir para o governo a "todo o custo". Eu também. Mas o partido deve discutir com todo o à vontade as condições de uma tal participação, as metas e inverstimentos que se colcoariam em tal participação e o esforço mobilizador para sustentar na rua e nas eleições uma viragem democrática no país. É no escorregadio -reconheço que é difícil a diferença de uma plataforma que abre coaminho a avanços e uma plataforma que significa subordinação, na linha aliás do o Ferro Rodrigues anda a propor - terreno dos programas, das condições e portanto da margem negocial que está um dos centros da crise do PCP e da esquerda em Portugal.
Em plena Alexander Platz, sem dúvida para mim, a parte mais surpreendente de Berlim, muito mais desafiadora do que Berlim Oeste que não tem graça nenhuma, em pleno coraçáo da RDA, dei com uma banca eleitoral do PDS. O camarada disse-me que o score do PDS na alemanha é de 5,1%; em Berlim total é de 23% e em Berlim leste é de 50%. Os comunistas estão no governo de Berlim, se calhar LCarvalho diria que a "todo o custo". Se calhar diria que aqui os "custos" são contingentes mas haverá uma janela de oportunidade para lançar as bases de qualquer coisa. Ou isto não significa nada? Será que a imponente e um tanto fria Karlx Marx Allee, a Karl Leibknitch Stasse e a Rosa-Luxembourg Strasse, não têm futuro? Ou será que os camaradas berlinenes que escolhem um dos seus slogans - símbólico mas com escasso conteúdo político - a palavra de ordem "O trunfo é vermelho!" estão só a fazer fretes ao Schroeder?
Antes de se arrumar a questão num parágrafo de jornal, deveria ter-se mais análise e discussão.
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