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Subject: A realidade existe e é passivel de ser conhecida


Author:
Gonçalo Valverde
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Date Posted: 09:02:46 08/16/02 Fri
In reply to: paulo fidalgo 's message, ""uma teoria ... pode estar correcta ou não"" on 18:04:25 08/15/02 Thu

>uma acomodação a um relativismo que recusa no fim de
>contas a possibilidade de irmos conhecendo a
>realidade.

Se existe algo em que acredito como um artigo de fé (penso que todo o ser humano necessita de ter fé nalguma coisa) é que a realidade existe e que é passivel de ser conhecida pelo ser humano. Relativamente ás leis da termodinamica, caso se comprove que as mesmas não sejam aplicadas a um ponto do universo, isso significa obrigatoriamente que as mesmas não estão correctas, porque um dos factores essenciais de uma lei fisica é a sua universalidade (como universalidade entende-se serem sempre válidas para todo o universo a que elas se refererem), no entanto tal não significa que estejam erradas, apenas que não são leis fisicas mas sim um aspecto de uma lei fisica. Alias, um melhor exemplo desta questão é o caso da mecanica quantica versus a mecanica clássica, pois a primeira surgiu exactamente porque se verificou que a mecanica classica não era válida para um conjunto de condições (neste caso o infinitamente pequeno) e era preciso encontrar uma teoria que explicasse esses fenómenos e que abarcasse tudo o restante. Sendo assim, actualmente encara-se a mecanica clássica como um sub-set da mecanica quantica, e por questões de facilitação das contas continua-se a utilizar as equações da mecanica clássica para o mundo não quantico, porque estas equações são um sub-set das outras. O mesmo se poderia referir á teoria da relatividade de Einstein (quer a geral como a restrita) que surgiram para responder a falhas da outra teoria.
Dito isto, penso que vai de acordo com a tua afirmação em que dizes:
" uma teoria, for medido pelo critério da prática, da possibilidade de fazer previsões acertadas e dar intiligibidade e coerência às observações"
É exactamente quando não é possivel dar essa inteligibilidade e coerência às observações que se torna necessário uma revolução cientifica e a criação de novas teorias (de certa forma semelhante ao que Marx referia relativamente ás causas das revoluções sociais relativamente aos métodos de produção)
Ainda sobre as teorias cientificas, só mais uma questão. Curiosamente é uma das interpretações dos resultados da mecânica quantica que vem por em causa o conhecimento total da realidade.Pela interpretação de Copenhaga, a teoria de incerteza de Heisenberg, na qual é postulado que é possivel conhecer em simultaneo a posição e o momento (i.e. massa versus momento) de uma particula quantica, é uma qualidade inerente ao Universo, qualidade essa que impossibilitaria o determinismo cientifico visto a nivel quantico ser tudo tudo encarado como uma função de onda probabilistica que só quando existe interacção do observar é que esta função de onda probabilistica é colapsa num estado. Isto veio criar um conjunto de interpretações interessantes, e que em ultima análise se poderia levar a concluir que a realidade embora seja possivel de conhecer probabilisticamente só tem certos pormenores fixados quando existe interacção com o observador, e a resvalar a fisica quantica para uma discussão com implicações filosóficas (como é exemplo os principios antrópicos forte e fraco). Einstein que tinha já revolucionado com a fisica com a teoria da relatividade, acreditando no determinismo, nunca aceitou a Interpretação de Copenhaga e tentou (embora sem sucesso) provar que a mesma estava errada, e que esta incerteza era causada pela limitação dos nossos mecanismos de observação. É daqui que vem a sua famosa frase "Deus não joga aos dados"
No entanto, mesmo estando a Interpretação de Copenhaga correcta (o que é algo que ainda não está fechado), o que a mesma indica não é que é impossivel conhecer a realidade (alias, o principio de incerteza só se aplica a fenómenos quanticos, os quais contudo teem influencias a nivel não quantico) mas sim que é impossivel conhecer deterministicamente a mesma, podendo no entanto ser conhecida a probabilidade de um fenómeno ocorrer (i.e. por exemplo pode saber probabilisticamente a posição e o momento de um electrão) e com essas probabilidades poder fazer previsões e interpretações correctas.
Voltando para a questão sociaiç, poderiamos de certa forma encarar aqui que esta mesma interpretação de incerteza se aplica aos fenómenos sociais, visto não ser possivel conhecer deterministicamente todas as movimentações sociais (a revolução vai ocorrer no dia X ás tantas horas) mas que através da análise dos fenomenos probabilisticos associdados ás mesmas é possivel fazer interpretações e previsões a longo prazo.


>muitíssimo mais incipiente. Podes dizer que a saúde é
>uma excepção, mas posso evocar os grandes espaços dos
>serviços, as superfícies comerciais, etc. Eu afirmo,
>como tese (não demonstrada) que a socialização da
>produção está em grande expansão, inclusive no centro
>capitalista desenvolvido - América do Norte,
>Australasia, Europa.

O busilis aqui parece-me que nestes espaços embora exista uma grande concentração de trabalhadores, não só desempenham funções bastante diferentes como em muitos casos não existem os centros que permitem essa socialização. Se num hipermercado por exemplo trabalham mil trabalhadores, não existe uma cantina onde se junte para conversarem em conjunto. Por outro lado, devido ao tipo de trabalho, normalmente trabalham isolados (nas caixas, ou na reposição p. ex.) também não favorece a troca de opiniões e ideias. Portanto quando existem problemas que são comuns, não existe o conhecimento mutuo que permita a organização de uma luta em conjunto.
De qualquer das formas, isto também não passa de um feeling meu, e penso que talvez seja tempo de deixarmos de nos limitar aos feelings e passar ao trabalho de análise dos dados e dos casos em concreto, até porque muitos destes dados a que nos referirmos são publico e podem ser consultados via Internet. O que achas?

>tensões, ensaiar a sua superação. Meszaros (Istvan)
>diz e eu concordo com ele que a unidade da classe
>operária foi um desígnio muito exagerado pelo
>movimento operário. Cita inclusive Engels quando este,

Talvez a questão desta concertação fizesse sentido quando o grosso dos trabalhadores eram operários e cujos problemas comuns eram semelhantes. Entretanto não só a tendencia no hemisfério ocidental é para a diminuição do peso da classe operária (visivel a olhos vistos) como as questões levantadas muitas vezes não são da simples sobrevivencia como antes mas para a melhorias das condições de vida. De qualquer das formas, ao contrário que dizes, não tenho temor dessa questão, apenas penso que são factores a ter em conta na organização dos trabalhadores, em vez de tentar encarar a sociedade actual única e exclusivamente á luz de uma análise feita há 150 anos atrás.
Aliás, o pluralismo que referes parece-me ser um factor a ter em conta, até porque considero que é exactamente o pluralismo de opiniões que enriquece o coletivo e que faz o mesmo evoluir. Um exemplo a nivel pessoal: embora na altura me custe que não concordem comigo e que apresentem questões incomodas, são exactamente essas questões incómodas que me fazem avançar na necessidade do conhecimento téorico e a tentar melhorar os meus argumentos (alias, foi exactamente por me criticarem nos plenários devido a isto ou aquilo que me levou á tarefa de ler o Capital e conhecer mais aprofundadamente o pensamento marxista)

Relativamente á questão dos artesãos, compreendo o que dizes, e também não me parece ser por acaso que o PCP nos seus estatutos se refere ser não só o partido dos trabalhadores mas também "dos pequenos e médios agricultores, os intelectuais e quadros técnicos, pequenos e médios comerciantes e industriais". O facto do mesmo estar consignado estatutáriamente obviamente não faz automáticamente com que o mesmo seja tido em conta, mas penso já ser um ponto de partida importante que o mesmo lá esteja consignado.
Ainda relativamente a esta questão, quer-me parecer que a tendencia da sociedade actual é cada vez mais o monópolio e o concentracionismo, e arriscamo-nos a que esses mesmos artesãos acabem por desaparecer. Os proprios médicos, quando exercem clinica privada parece-me estarem cada vez mais concentrados em clinicas nos quais os mesmos acabam por se tornar meros assalariados, abrangendo este assalariamento cada vez mais outro tipo de profissionais como os advogados, contabililistas, etc. Esta parece-me ser uma das contradições do capitalismo que a maioria das pessoas parecem ainda não terem verificado. Se por um lado nos acenam com a cenoura de que todos podem ter o seu negócio, por outro, o fenómeno concentracionista vai reduzindo inexoravelmente essa possibilidade e transformando em assalariados toda a população.

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Subject Author Date
resposta a GValverdepaulo fidalgo15:42:26 08/16/02 Fri


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