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Subject: Teoria do conhecimento....


Author:
paulo fidalgo
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Date Posted: 10:25:35 08/18/02 Sun
In reply to: Jorge Nascimento Fernandes 's message, "Digitalismo, capitalismo e teoria do conhecimento" on 17:32:45 08/17/02 Sat

>Digitalismo, Capitalismo e Teoria do Conhecimento
>
>Ao fim de alguns dias de interrupção, devido ao meu
>regresso de férias, venho encontrar no fórum um
>discussão interessante travada entre Paulo Fidalgo
>(PF) e Gonçalo Valverde (GV).
>Vou tentar meter a foice em discussão alheia, mas como
>gosto sempre de molhar o bico, aqui vão mais algumas
>opiniões.
JNascimento disse>>>>1. Gostaria também de verberar o ataque ao fórum que presenciei na noite de 13 para 14. Tal foi o disparate, que resolvi retirar-me sem comentar nada.


PF>>>> subscrevo


JNascimento Fernandes>>>>2. De acordo com o evoluir da discussão entre PF e GV parece haver alguma troca na ordem dos textos ou pelo menos nos seus títulos.

PF>>>>Sim, de facto este discussão vem de uma que é mais antiga no Dotecafe... e por isso a resposta é a um texto anterior...


JNFernandes>>>>3. Quanto á teoria do conhecimento, é evidente que eu também aprendi pela mesma cartilha do PF. Passei os olhos pelo "Materialismo e Empirocriticismo" de
Lenine, estudei pelos "Los Fundamentos de la Filosofia
Marxista", da Academia de Ciências da URSS, e por
muitos outros textos. As posições do GV vêm no sentido
>de repensar um pouco os conceitos filosóficos então
>adquiridos. Penso, no entanto, que muitos dos
>conceitos em discussão são puramente filosóficos.
>Assim, o que Lenine queria reafirmar no seu livro era
>que, do ponto de vista filosófico, existia uma
>realidade independente do observador que era possível
>conhecer, facto que a mecânica quântica põe em causa.

PF> põe em causa porquê?

JNascimento Fernandes>>>>Simplesmente, estamos aqui no campo da filosofia e não
>no da ciência. A propósito disto há igualmente uma
>discussão sobre o conceito de "matéria", em que o
>conceito filosófico de matéria (tenho também em meu
>poder um livro soviético sobre "A Matéria como
>Categoria Filosófica") é diferente da definição que os
>físicos foram dando ao longo dos tempos. Sei que isto
>não põe ponto final na discussão, mas penso que, neste
>momento, não é este o tema que nos preocupa.

PF>>>> a mim apenas me preocupa que possa emergir, e é natural que aconteça, uma certa forma de idealismo e tal me veio à cabeça com a história das múltiplas realidades. Podemos ter obviamente pontos de vista idealistas e quem os defenda, mas eu não os subscrevo e procuro contrariá-los. Mas estou aqui para debater....


JNFernandes>>>>Só gostaria de recordar que, logo nos anos 40, alguns
>marxistas se levantaram contra o princípio da
>incerteza de Heisenberg, acusando-o de idealista.

PF>>> não sei que princípio é esse mas se estamos a falar do conceito que diz que não é possível determinar com precisão a posição de um electrão ou partícula atendendo ao seu movimento e estado eminentemente mutável - não sei se exprimo a ideia com rigor - eu não veje realmente como tal pode ser qualificado de idealista. Quantificar a incerteza, procurar entrar nos cálculos com a probabilidade e respectivos graus de liberdade relativamente à incerteza é o método para conhecer a realidade. Aqueles que queriam conhecer o ponto instantâneo exacto é que estavam a deformar a realidade. A aprisioná-la numa gaiola. Mas eu de física nada percebo. Só sei que em medicina, sem a incerteza e as probabilidades nada avançava....

JNFernandes>>>>Mais uma vez, tal como eu referi a propósito de Lysenko,quando a teoria científica não correspondia aos
>estreitos cânones da dialéctica da natureza, os
>autores eram considerados como idealista e condenados,
>se fossem soviéticos, ao desemprego e provavelmente à
>prisão e aos trabalhos forçados, se fossem ocidentais
>ao esquecimento e à acusação infamante de idealistas.

PF>>>> subscrevo a ideia de que é muito fácil estigmatizar-se o que parece contrariar a norma.....

JNFernandes>>>>>4. Quanto ao que nos trás aqui, gostaria desde já de constatar que, tal como eu, os dois dialogantes não estão muito entusiasmados com a ideia defendida pelo
>Fernando de haver um novo modo de produção que se
>designaria por "digitalismo". Num pequeno texto que
>designei por "Capitalismo e Digitalismo" levanto
>algumas dúvidas, que, sendo um pouco mais ortodoxas
>(que raio de termo se veio infiltrar na minha prosa),
>põem em dúvida que os novos meios de produção sejam
>geradores de um novo modo de produção "potencialmente
>alternativo ao capitalismo" (in PF).


PFF>>> também acho que a evolução dos meios de produção definam só por si um novo modo de produção...Podem aproximar contudo uma nova crise no modo de produção...

JNascimento Fernandes>>>5. Estou muito mais de acordo com a perspectiva do GV do que a do PF, o "novo capitalismo" só por si não está a gerar uma maior socialização dos assalariados ou, como diz GV "os mecanismos de produção criados não são mecanismos tão sociais como podem parecer á
>primeira vista".

PF>>>Discordo. Acho que o mundo nunca foi tão socializado como agora. Não sei como ir mais longe na minha demostração. Mas lá que está está. Eu tenho mais facilidade em discutir carcinogénses colorectal com o Dr Park de Seul do que com, sei lá, grupo de anatomia patológica do meu hospital. Pela internet é claro. Isso é socialização sob a forma de rede. A pèrvalência de formas de cooperação, quer pelo trabalho em equipa em proximidade física, quer pelo trabalho em rede, quer pela geração de movimentos temáticos mediados por órgãos de informação, são expressão da máxima socialização que hoje testemunhamos. Mesmo quando o trabalhador parece estar sozinho, num casulo de vidro, sem contacto directo com os colegas, tem múltiplas oprtunidades e necessidades de socialização. Em gíria e simplificando, estamos na tal aldeia global. Só falta de facto dar cabo do capital monopolista, pois é este que se sente pouco à vontade com tanta socialização. Desta discussão difícil de derimir sem defirmos conceitos e tentarmos ir às estatísticas, depende de adoptarmos uma prespectiva defensiva ou ofensiva. è por isso que insisto nela. A direcção do PCP esta com uma leitura profundamente defensiva da situação. E como acho que é fulcral quebrar-se esse feitiço, insisto em todos os aspectos onde me parece haver condições para avançar. Esta área é uma delas...

JNascimento Fernandes>>>>O que se está a verificar é uma maior diversificação, acarretando uma maior estratificação
>social, que permite dentro dos assalariados haver uns
>que "são mais iguais que outros", retomando a célebre
>frase de Orwell aplicada noutro contexto.


PF>>>> essa é a base material do pluralismo socialista de que fala Istvan Meszaros em ""Beyond capital". Isso encoraja a acção e não tem de ser um obstáculo. Socialização e estratificação/diversificação não são conceitos contraditórios. Há concerteza socialização porventura maior do que no passado precisamene porque a divisão do trabalho é mais complexa e a diferenciação profissional e cultural é maior....É no fundo uma expressão da desigualde de desenvolvimento social e económico. Repito o que escrevi. Em socialismo não é fácil por de acordo, em muitos temas, médicos e metalúrgicos. Nem sequer médicos e enfermeiros, embora a greve da saúde fosse o primeiro e combativo embate dos trabalhadores contra o governo de Durão Barroso. Nem vocês calculam como é difícil pôr de acordo médicos, enefermeiros e outros trabalhadores da saúde.... É esse o tal pluralismo. Que não se destina a perpetuar as diferenças. Mas antes reconhecê-las, nãos as esmagar artificailmente e a partir do patamar de cada um construir a superação dessas diferenças....

JNFernandes>>>>Gostaria aqui de vos lembrar o conceito já retirado de Marx de "aristocracia operária". Compare o PF os proventos de
>um médico, que só trabalhe para o SNS em
>exclusividade, portanto um assalariado completo, e uma
>empregadinha de centro comercial, com o ordenado
>mínimo, para falar de duas profissões que nada devem à
>classe operária.

PF>>>> Bom, segundo os meus critérios, o médico em dedicação exclusiva assaalariado - há médicos em dedicação exclusiva que segundo o meu conceito estão desassalariados, nmas isso é outra discussão - está muito mais próximo da classe operária, da sua vivência de um trabalho com organização complexa, onde a cooperação e a equipa multidiscinar ocupam imenso papel. Assim como os não sei quantos mil engenheiros da Boeing que hás uns anos fizeram uma poderosa greve nos EUA. Na minha opinião estes são membros de pleno direito da classe trabalhadora. Concordo que estes segmentos são mais atreitos aos vícios da aristocracia operária. Mas faço notar que são geralmente muito sensívies também a perceber quem se abotoa com a mais valia e tendem a ser mais facilmente envolvíveis, perdoe-se a palavra, num projecto de reapropriação do sobre-produto...

Pelo contrário, "a rapariguinha do shopping" no célebre poema de Carlos Tê, que aliás merceu destas um protesto na altura, está numa situação mais recuada pois se trata de pequenas empresas com um dois ou três trabalhadores onde a formação de consciência mais avançada é mais lenta. Pelo contrário, a rapariguinha do Continente já vive noutro ambiente, mais favorável .....


JNascimentoF>>>>6. Discordo também que seja na oposição entre uma direcção que defende a "unidade de ferro" da classe operária e o cada vez maior pluralismo socialista que
>esteja o cerne da crise do PCP.


PF>>>> o cerne é difícil de determinar com precisão. Mas que há uma ideia muito exagerada das virtudes da unidade operária, isso parece-me uma realidade. Por isso citei a brilhante argumentação de I Meszaros que se baseia aliás em Engels. Com unificar médicos e bordadeiras da mAdeira, eis a questão. Anulando as diferenças, obrigando os médicos a desistir das suas agendas próprias? Não, temos de lidar com uma realidade social e económica muito diverso, admitindo aas tensões e percebendo que é melhor agregar indo superando as tensões do que, por golpe de mágica, decretar a unidade e os respectivos sectores deixarem de se sentir representados.... É uma questão de estilo. Este problema é muito mal avaliado na direcção e em muitos militantes, educados, segundo as melhores intenções na tradiçãp da "unidade de ferro". Essa tradição teve justificação. Agora só serve para gerar incompreensóes e dificuldades. COnstruir a alternativa socialista exige agora uma consertação de posições, inclusive na base, muito mais complexa.....É por persistirem esses sentimentos que se demora a entender que os pontos de vista de vários militantes, a trabalhar e analisar a realidade em varandas muito diversas procurem explicitar os seus pontos de vista em múltiplos órgãos. Lidar com a controvérsia continua a ser muito difícil no PCP e uma dos fundamentos para essa dificuldade está na noção de que à esquerda as coisas, as ideias são únicas, e que para defnder a unidade há que congelar as diferenças, digamos assim..

JNFernandes>>>>Penso que a crise do PCP é mais geral e que uma das causas é a falta de compreensão por parte dos camaradas da Direcção das movimentações sociais contemporâneas e simultaneamente da defesa de grupos sociais muito particulares, que se pretende que correspondam a toda a classe operária e até a todo o assalariado.


PF>>>> é exactamente isso que eu quero dizer....

JNascimento F>>>>>>>>>Não se esqueçam que o PCP se
>afirma como o partido da classe operária e de todos os
>trabalhadores em geral. Mas acima de tudo, penso, e
>isto pode ser objecto de uma bela discussão, que o
>cerne da crise resulta da existência de um grupo
>dirigente e de um número elevado de militantes que não
>soube adequar a sua consciência política aos novos
>tempos em que vivemos.

PF> um das faltas de adequação está na dificuldade em entender que a revolução também se vai fazer com doutores e engenheiros....

JNFernandes>>>Houve como que uma paragem no
>tempo, em que a consciência política não corresponde à
>situação social vivida e que muitos admitem que a
>aquisição dessa consciencialização equivalerá à
>social-democratização do Partido ou à assunção dos
>novos valores do capitalismo desenvolvido.


PFFF>>>> de facto a "unidade de ferro " da classe operária considera que os pontos de vista de outros assalariados são contaminações social democratas e não se percebe que assim estes sectores são mas é atirados para a social democracia pois a tal unidade de ferro não lhes dá resposta mínima (a social-democracia também não).


JNFernandes>>>>Penso igualmente que existe um grupo dirigente que se defende, do ponto de vista ideológico, com os valores tradicionais do marxismo-leninismo e da tradição
>comunista para se perpetuar no poder. Este tema dava
>pano para mangas.
>6. Outro tema também aflorado é que o PCP é o partido
>"dos pequenos e médios agricultores, dos intelectuais
>e quadros técnicos, dos pequenos e médios comerciantes
>e industriais". Este assunto, se retirarmos os
>"intelectuais e quadros técnicos", mas que neste caso
>parecem-me ser considerados como profissionais
>independentes, tem sido objecto de algumas críticas
>esquerdistas, quando ainda as havia. No fundo,
>seríamos um partido da defesa dos interesses da
>pequena burguesia, das classes hesitantes e recuadas,
>a nossa posição de defesa da revolução nacional e
>democrática, em vez da revolução socialista, era o
>resultado do nosso compromisso com essas camadas. Esta
>crítica, muito vulgar no final dos anos 60 e início de
>70, hoje é descabida, mas muitas vezes a defesa destas
>camadas leva-nos a apoiar reivindicações que são
>conservadoras,


PF>>>> eu continuo a achar bem a consigna da RDemocrática e Nacional. Acho que há contudo um problema que se continua a verificar na discussão marxista e que é assim: pode ou não o PC assumir bandeiras burguesas, quando a própria burguesia não as assume e assim liderar um processo que orienta a mudança para depois se passar ao socialismo? Ou pelo contrário, sempre que o programa político contém consignas burguesas (sei lá reforma agrária na Rússia) o destino dos comunistas é aburguesarem.se? Isso entronca com a disc
JNFernandes>>>> não nos permitindo compreender os novos
>grupos sociais que o capitalismo da era digital deu
>origem.
7. Não gostaria de terminar sem uma referência
>específica a alguns problemas que eu tenho vindo a
>defender neste fórum. Tem havido da vossa parte e do
>Fernando, que introduziu o tema, uma grande
>preocupação na análise económica da sociedade e na
>definição das classes em jogo. Sei que isto é
>importante, foi dessa análise que Marx partiu, no
>entanto, há uma especificidade propriamente política
>que deve ser discutida. A caracterização social e
>económica da sociedade são quanto a mim extremamente
>importantes, mas a análise das condições políticas, do
>instrumento necessário à mudança, os problemas da
>hegemonia cultural, ideológica e política não são
>menos importantes e isso é também necessário discutir.
>
>Um abraço


PF>>> as duas coisas são importantes...

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