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Subject: "a mim preocupa-me mais como transformar o presente" - uma resposta


Author:
Jorge Nascimento Fernandes
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Date Posted: 12:00:49 08/28/02 Wed
In reply to: paulo fidalgo 's message, ""a mim preocupa-me mais como transformar o presente"" on 00:21:51 08/28/02 Wed

"a mim preocupa-me mais como transformar o presente" - Uma resposta

Caros amigos

Ao Paulo Fidalgo, mas também me dirijo ao Fernando e a todos que estejam interessados neste tema.

No essencial estamos de acordo, há no entanto algumas assuntos que gostaria de esclarecer. Assim:

1 - As citações do Fernando e a tua foram mero expediente de saída, para começar a escrever, provavelmente não existirá qualquer diferença entre uma e outra. Apesar de em relação ao Fernando eu considerar, que uma coisa é, em certo momento histórico, se tentar perceber o que é que as pessoas pensam do socialismo, que releva mais do inquérito sociológico, e outra é saber se existe uma classe social/movimento social que potencialmente, e sublinho potencialmente, esteja disposta a lutar pela transformação social.

2 - Quanto à referência ao socialismo utópico e científico, que eu sabia que era um capítulo do Anti-Duhring, mas que já não me lembrava e que normalmente é sempre publicado em livro separado, constituiu só uma pequena introdução histórica para justificar, que no marxismo, e esse é uma dado que me parece importante, pois o senso comum não o apercebe, são as classes sociais que são o suporte das transformações revolucionárias e não um conjunto de pessoas, que estão mais ou menos despertas, neste caso, para o socialismo (é também, de certa maneira, uma resposta ao Fernando).

3 - A referência que fiz ao que "Que fazer" insere-se igualmente(porque houve outros aspectos que não foram por ti citados) numa crítica a uma certa concepção do Partido. Segundo Lenine, nesse livro, a consciência de classe dos trabalhadores não iria além das reivindicações sindicais e era de fora, uma vanguarda esclarecida, que iria organizar os trabalhadores para a revolução. Esta concepção do Partido, que correspondeu à reorganização do nosso Partido do início dos anos 40: um Partido formado por revolucionários profissionais, dedicados a cem por cento ao mesmo, vanguarda organizada da classe operária, tentando organizá-la para, no caso de Portugal, derrubar o fascismo, foi durante muitos anos a base dos Partidos Comunistas formados pela III Internacional. Tal como na Rússia czarista, em Portugal também não faltava o jornal do Partido, o Avante, aglutinador e organizador colectivo do movimento (a expressão utilizada no "Que Fazer" para o papel do jornal até provavelmente será outra).
A ideia que defendes de um partido de geometria variável, sendo correcta, nunca correspondeu ao "Que Fazer" e muito menos à prática do movimento comunista. Se em Portugal, nas condições duríssimas da clandestinidade, semelhantes até às da Rússia czarista, a concepção do "Que fazer" foi eficaz, verificamos que já não o é nas condições actuais da sociedade portuguesa.
Todos os casos que citas têm a sua dinâmica própria e não vou analisar nenhum deles em particular, mas todos eles teriam o seu caso atípico, tu próprio o referiste a propósito da revolução cubana. Não me parece pois correcta a apreciação que fazes dessa obra de Lenine e, acima de tudo, a prática posterior do movimento comunista internacional e das suas secções nacionais, os partidos comunistas, desmente-a completamente.

4- Quanto ao texto que eu citei do livro de Ronalda da Fonseca (a crítica ao livro em si será feita quando responder ao Fernando directamente) não me parece igualmente correcta a interpretação que fases.
Não tenho a ideia que o movimento comunista defendesse o que o Ronaldo neste momento diz. Primeiro, como já tenho aqui dito, Lenine e a Internacional Comunista esperavam avidamente que a revolução se propagasse à Alemanha, portanto, aos países de capitalismo desenvolvido, depois Staline defendeu as teorias do elo mais fraco (por vezes a esquerda é desapossada dos seus conceitos, porque raio iria a televisão utilizar estas palavras, típicas do arsenal do marxismo-leninismo) e do socialismo num só país e tudo o mais era paisagem, unicamente com a finalidade de reforçar a revolução na União Soviética. A própria Revolução Chinesa, foi feita contra a vontade e as orientações expressas de Staline.
Aquilo que RF expressa advém mais de uma perspectiva maoista e terceiro mundista, muito comum nos anos 60 e 70 do século passado, do que da prática do movimento comunista. As citações e as referências que ele faz a Samir Amim são disso exemplo.
Para não alongar este texto e parecendo-me que leste o livro na sua totalidade, remeto-te para as suas opiniões relativas ao papel dos partidos de esquerda no Centro.

5 - Por último, parece que estamos de acordo sobre a necessidade de construir ilhas socialistas (diria melhor ilhas não-capitalistas) no capitalismo e a saúde e o SNS, poderão ser um bom exemplo. Gostaria de saber, porque não o citaste, se tens qualquer informação ou opinião sobre as concepções que eu referi de Gramsci.

Um abraço

PS. Tal como já tinha referido em texto anterior, porque é que os intervenientes neste fórum não escrevem primeiro
os seus textos em Word, de modo a evitar a quantidade de erros de
ortografia e de simples enganos de tecla. O Word tem um corrector
ortográfico e, em alguns casos, até gramatical, que eliminaria de uma
penada tudo isso. Penso que no site do fórum é impossível corrigir
esses erros, por isso façam como eu, escrevam primeiro em Word, o
que permite igualmente conservar os vossos textos para sempre,
independentemente da vontade do Fernando que, quando decidir
acabar com este site, leva consigo quilómetros de prosa.
Isto é injusto, ele até avisou quando retirou o primeiro fórum.

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Subject Author Date
ainda o "que fazer"paulo fidalgo01:15:47 08/29/02 Thu


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