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Subject: a posição do CHE e a questão do uso do capital como força motriz!


Author:
paulo fidalgo
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Date Posted: 11:09:54 10/21/03 Tue
In reply to: Luis Blanch 's message, "Re: A discussão público/privado está cheia de entorses" on 10:48:31 10/20/03 Mon

1 - o capitalismo de estado, entendido como modo de produção onde a extracção de mais valia se faz por intermédio do estado, mantendo a servidão assalariada, tem virtudes desenvolvimentistas, mas visivelmente falha a partir de certo nível de sofisticação. Esse nível para mim é atingido mais depressa nuns ramos do que noutros, mas essencialmente caracteriza-se pela exigência de uma mão de obra muito qualificada e altos níveis de investimento.

2 - a mão de obra muito qualificada percebe com maior nitidez o nível de alienação do sobreproduto a que está sujeita no capitalismo (de estado ou privado) e neles a alienção tem ainda efeitos mais devastadores no comportamento produtivo. Não só produzem mal como não se interessam em colocar o seu formidável conhecimento ao serviço da reorganização das indústrias onde trabalham. Essa percepção é ainda potenciada se a mão de obra altamente qualificada convive com pessoas da mesma habilitação que trabalham por conta própria, em partime ou fulltime, e que portanto controlam o sobreproduto a seu belo prazer. Ao notar as diferenças, o efeito da alienação do trabalho ainda é maior.

3 - julgo queas dificuldades cubanas estão neste conjunto de problemas

4 - Che teve de facto um choque muito grande com as orientações do PCUS quando era ministro da economia. Ele mostrou ser um sujeito cuidadoso (ao contrário de uma certa prosápia que o arrumava como esquerdista) e preparou-se a fundo para a discussão, da qual nasceu os escreitos de economia. Os pontos de vista dele não vingaram e ele saiu de ministro. Eu, se bem que esteja em descordo com o que ele defendia, reconheço que ele fundamentou " a fundo" o que defendeu.

5 - o problema estava na questão dos estímulos materiais. Os URSSos defendiam que uma economia só resolve os problemas de comportamento produtivo se praticar uma política de estímulos. De notar que nada admite pensar que o PCUS nesta questão dos estímulos tinha outra visão senão o uso de variantes do salário e de modo algum o fim da forma salário. No fundo, o PCUS admitia que à semelhança das empresas capitalistas se contratasse com modalidades de salário indexado à peça ou outros prémios. Num ponto de vista marxista, muitos destes expedientes estão consagrados nass relações de produção assalariadas e forma extensamente analisadas no Capital de Marx, como sendo variantes de salário.

6 - Che defendia pelo contrário que a introdução dos estímulos era um retrocesso na revolução pois repunha a competição intertrabalhadores e o seu individualismo eportanto fazia recuar os trabalhadores do nível alcançado na revolução e que se caracterizava pelo desprendimento em relação ao sobreproduto. Se o culto por via da acção ideológica do desprendimento tinha dado frutos, seria um retrocesso grave voltar-se aos estímulos materiais. Seria o início da derrota da revolução. Para che a consciÊncia socialista tinha dado passos tais que se considerava já er acontecido a vitória da mentalidade desprendida contra a apropriadora pessoal. Eu não posso de modo algum concordar com isto e considero isto altamente voluntarista. Embora cheio de generosidade.

7 - É claro que as duas partes têm alguma razão. Por um lado, numa economia baseada no valor de troca e tendo apenas construído uma personificação de capital sob a égide do Estado, o comportamento é profundamente influenciado pelos estímulos e direi mais, isso não pode nunca ser ignorado. COntudo, o objectivo dos comunistas, podendo socorrer-se deste tipo de modalidades em fases históricas mais ou menos prolongadas, devem ter a consciÊncia que há que estimular ao máximo formas de economia cooperadora, onde oas pessoas não se socializem pela troca de produtos segundo o valor de troca, mas segundo uma troca de actividades e funções socialmente relevantes. Onde portanto, o capital e o valor de troca deixem de ser forças motrizes (estou a citar livremente bocas do Marx nos Grundrisse).

8 - o problema em Cuba, um exemplo clássico de capitalismo de estado, é conseguir equacionar por dentro e sem resistências do tipo daquelas que aconteceram na perestroika, uma transformação das relações de produção que iniciem a reconfiguração em sentido socialista as relações de produção. Para desencadear respostas produtivas máximas, é desde logo por em cima da mesa um novo tipo de remuneraçáo que acabe com o salário. O que implica reaporpriação, pelo menos parcial do sobreproduto, controlado pelos trabalhadores. O que significa por o Estado de fora do processo. É certo que a reapropriação continua a girar propulsionada pelo valor de troca e pelo capital, mas fa-lo-ia com control laboral e sem a mediação política e estatal do capitalismo de Estado.

9 - eu não vejo, para o capitalismo de Estado cubano, ou portuguÊs ou sueco, outra saída que não neste sentido. Se tiverem melhor ideia digam.

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Subject Author Date
Re: a posição do CHELuis Blanch10:05:13 10/22/03 Wed


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