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Subject: OS PROBLEMAS DE CAVACO SILVA


Author:
www.comunistas.info
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Date Posted: 17/09/05 12:09:33
In reply to: Vasco Pulido Valente 's message, "O "pleno" da esquerda" on 16/09/05 17:28:33

Presidenciais: OS PROBLEMAS DE CAVACO SILVA



por Paulo Fidalgo



11/9/05





Com a reunião da sua Comissão Permanente de 9/9/05, a discussão sobre a situação política e o quadro das presidenciais sobe de tom entre os comunistas. Para que as medidas a tomar sejam as apropriadas.



Comecemos então a avaliar o que está em causa. Comecemos por estudar o campo de Cavaco Silva e abordaremos depois em notas posteriores outros aspectos da análise e da decisão comunista. Esta reflexão é pessoal nas fruto da discussão já travada e não representa por isso qualquer definição institucional.



A Renovação Comunista ainda não definiu a sua posição, tanto mais que o quadro à esquerda é de grande fragmentação. Onde aliás as candidaturas de base partidária, não evitam que militantes destacados mostrem sinais de desalinhamento e apoiem outras candidaturas –José Saramago e Fernando Rosas, embora com diferentes graus de associação, surgiram ao lado de Soares.



Parece portanto útil que os comunistas possam acompanhar e participar na avaliação da situação e se e quando, uma decisão surgir, a possam compreender melhor.



Há uma super-difundida e super acarinhada ideia de iminente vitória de Cavaco. Que aliás quase parece ser um clamor mediático para que o senhor se disponha a apostar numa candidatura. Porquê?



Cavaco dá-se ares de quem assegura a condução de uma política económica responsável (combate ao despesismo, emagrecimento do Estado económico/social supostamente gordo, afastamento do espectro da bancarrota). Naquela tentativa de rotular aliás a esquerda de ser economicamente irresponsável e de serem muito responsáveis aquelas receitas que afinal estão fortemente associadas às graves dificuldades que estamos a atravessar.



O sentimento por detrás de um Cavaco providencial, é o mesmo que esteve na base de outros providencialismos de má memória. Não compreender o impacto no povo inquieto pela estagnação, dos argumentos de defesa da ordem e da solidez económicas, é entregar a bandeja do jogo a outros jogadores.



Cavaco é o candidato de uma direita órfã de rumo, depois dos disparates de Barroso e Santana; é o candidato de uma parte do eleitorado que vota muitas vezes à esquerda – no PS sobretudo - mas que considera a tecnocracia musculada cada vez mais indispensável para a saída da crise; é o refúgio de alguns desesperados com a governação de Sócrates que se iludirão com a ideia de que Cavaco lhes daria protecção; é também a aposta dos que acham que o ajustamento é necessário mas carece de melhor cobertura das instituições e do poder; cobertura que Cavaco supostamente dará.



A esquerda socialista (do PS) e não socialista (à esquerda do PS), parte de um inconformismo para com as receitas do ajustamento em curso. Denuncia essas receitas. Mas não constrói ainda um programa. Apenas se apresenta fragmentada e obcecada com a defesa de territórios parcelares.



A base sócio-económica do sentimento pró-cavaco entronca na grave recessão que rompe com o compromisso básico do capitalismo do New-deal: os operários aceitarem aumentar a riqueza e a produtividade, qualquer que seja a magnitude desse acréscimo (aumento da mais-valia relativa), desde que o seu standard de necessidades, o seu valor da força de trabalho, aumente periodicamente por via do aumento dos salários e das prestações sociais. Esse compromisso está perigosamente em ruptura desde o início dos anos 90. Quem prometer retomar um compromisso deste género, onde uma expansão seja conseguida para benefício, também, da classe operária, ganhará o apoio do povo.



Os providencialistas não hesitarão em prometê-lo, mesmo que seja pela mais despodurada das demagogias. Demagogia essa que serve, no fundo, para iludir a pretensão real de enterrar definitivamente o new deal.



Mas será que Cavaco aceita cumprir esse papel? Parece ter a noção de que uma missão de salvação teria êxito no curto prazo. Os gurus da análise política dominante bem que vociferam para que aceite a missão. Mas essa operação para alguns, a operação de levar por diante um maior ajustamento capitalista, só será viável num contexto de musculação do regime dizem alguns analistas. O sentido aliás do deslize pró Cavaco parte da noção de que as políticas de ajustamento, por muitos consideradas a saída para a recessão/estagnação actual, carecem como se disse de maior unidade instituicional e força.



Força essa que a coligação de direita derrotada em Fevereiro e a maioria absoluta do PS não parecem conseguir reunir, tal é a oposição de sectores populares profundamente atingidos. Somar uma presidência forte poderia ser o elo para obter a força que vai faltando.



Mas será suficiente? É a pergunta que talvez alguma da entourage de Cavaco pode muito bem estar a equacionar. A ideia é que, Cavaco, ou a solução política que quiser levar por diante o presente ajustamento, contra todas as oposições, pode fracassar no actual quadro de liberdade determinado pela revolução de Abril. O sucesso a prazo da cartada presidencial de Cavaco depende de muitas variáveis: grande reorganização da direita, acordo de uma parte dos socialistas, mas coloca igualmente o equacionamento de uma «democracia mais musculada».



E depende do desfecho de uma incógnita fundamental: será que por muita força que se reúna, o tal ajustamento funciona? Será que o capitalismo encontrará, como encontrou noutras épocas, a remodelação que o voltará a colocar no carril da expansão? É muito recomendável a este propósito ler o texto de Harry Magdoff e de John Bellamy Foster, editores da Montlhy Review que publicamos noutro local do nosso site.

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