Author:
João Paulo Guerra
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Date Posted: 16/07/05 8:18:27
In reply to:
Ash
's message, "A Falencia do Estado" on 13/07/05 17:56:43
2005-07-15, Diário Económico
O ‘Centrão’
João Paulo Guerra
O ‘Centrão’ quer reduzir o hemiciclo a dois quartos de círculo o que, sendo verdade em geometria, não o é certamente em política.
De um lado o partido-cara, do outro lado o partido-coroa, com a representação dos outros partidos a definhar. O poder, como escreveu um leitor desta Coluna, caminharia da alternância para o alterne.
A iniciativa partiu do PSD mas o PS já foi dizendo que sim. Tratar-se-ia de reduzir o número de deputados, de 230 para 180, e de introduzir os círculos uninominais de candidatura nas legislativas. O problema parlamentar não é ter deputados a mais, mas ter uns poucos deputados da confiança das direcções partidárias, que intervêm e agem, e muitos figurantes que se levantam e sentam à voz de comando. O problema é que os portugueses elegem deputados mas quem mais ordena são as direcções partidárias eleitas em circuito fechado. E ter um excesso de deputados em ‘part-time’, que acumulam um lugarzinho na AR para manter contactos, a par de uma actividade profissional a tempo inteiro.
Com 180 deputados e a votação de Fevereiro passado, o PS manteria a maioria absoluta, baixando para 96 deputados, contra 59 do PSD, 10 do PCP/PEV, 9 do CDS e 6 do BE. Os dois maiores partidos subiriam a representação para 87 por cento dos deputados, com 78 por cento dos votos, enquanto os três partidos mais pequenos desceriam para 13 por cento dos deputados com 22 por cento dos votos. Um deputado do PS e do PSD custaria 27 mil votos, aos outros ficaria por 49 mil. Com a introdução dos círculos uninominais, em que apenas o vencedor é eleito, a desproporção ainda se acentuaria mais. E um número ainda maior de portugueses – para além dos muitos que já se abstêm – não encontraria eficácia no seu voto nem representatividade num voto “útil” para engrossar o todo-poderoso ‘Centrão’.
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