VoyForums
[ Show ]
Support VoyForums
[ Shrink ]
VoyForums Announcement: Programming and providing support for this service has been a labor of love since 1997. We are one of the few services online who values our users' privacy, and have never sold your information. We have even fought hard to defend your privacy in legal cases; however, we've done it with almost no financial support -- paying out of pocket to continue providing the service. Due to the issues imposed on us by advertisers, we also stopped hosting most ads on the forums many years ago. We hope you appreciate our efforts.

Show your support by donating any amount. (Note: We are still technically a for-profit company, so your contribution is not tax-deductible.) PayPal Acct: Feedback:

Donate to VoyForums (PayPal):

29/03/24 14:03:50Login ] [ Contact Forum Admin ] [ Main index ] [ Post a new message ] [ Search | Check update time | Archives: 1[2]3456789 ]
Subject: A China e o equilíbrio do terror financeiro


Author:
Alejandro Nadal
[ Next Thread | Previous Thread | Next Message | Previous Message ]
Date Posted: 23/08/07 15:25:32

A China e o equilíbrio do terror financeiro

. Durante o apogeu da guerra fria, a doutrina da destruição mútua assegurada era fundamental: os Estados Unidos e a União Soviética mantinham seus arsenais em estado de alerta permanente e ambas as super-potências sabiam que não podiam pretender aniquilar todas as armas nucleares da outra num ataque surpresa. O arsenal sobrevivente seria suficiente para infligir danos intoleráveis ao atacante. A garantia da destruição mútua assegurada tinha em inglês a sugestiva sigla de MAD (mutual assured destruction). Como indica o acrónimo, era baseada numa loucura.

Hoje uma estrutura parecida rege o destino da economia mundial. Os Estados Unidos e a China estão atados por um dilema semelhante ao equilíbrio do terror nuclear, mas desta vez aplicado às finanças internacionais: o primeiro é o maior devedor do mundo, ao passo que o segundo é o seu credor mais importante.

O défice estado-unidense em conta corrente aumenta a cada mês em velocidade vertiginosa. Isso faz com que cresçam os temores quanto ao valor do dólar ou, para sermos mais precisos, sobre a duração da calma antes da tormenta. Com efeito, um cenário no qual se produza a fuga frente ao dólar e todo o mundo queira trocá-los por outro tipo de activos ou divisas não é impensável. Nesse contexto, surge a grande pergunta: estaria a China interessada em detonar esse processo?

A China tem reservas de 1,2 mil milhões de dólares. Desse montante, aproximadamente 900 mi milhões encontram-se numa mistura de títulos e bónus do Tesouro dos EUA. Qualquer movimento no sentido de se desfazer desta massa de recursos denominados em dólares provocaria a derrubada da divisa verde, uma alta nas taxas de juros no Estados Unidos e provocaria uma recessão severa nesse país. A própria estabilidade da economia mundial estaria em jogo.

Na semana passada funcionários do governo chinês utilizaram a metáfora da "opção nuclear" ao insinuar que o seu país poderia utilizar suas reservas em bónus do Tesouro estado-unidense como arma de negociação, em resposta à imposição de sanções comerciais por parte de Washington.

A ameaça foi recebida com mal estar nos Estados Unidos. Mas também com incredulidade por se considerar que se a China provocasse a derrubada do dólar sofreria perdas enormes uma vez que 70 por cento das suas reservas estão em activos denominados em dólares. Pior ainda, afectaria negativamente a economia estado-unidense e isso não lhe convém porque esse país está entre os seus principais clientes.

Mas os EUA continuam obcecados com a ideia de que o incremento do seu défice comercial com a China é devido à sub-avaliação do renminbi (que embaratece mais as exportações chinesas). Todos os políticos da Casa Branca, desde Bush até Obama e Hillary, repetem esta ideia: haverá que impor sanções comerciais aos chineses se não tratarem de reavaliar o renminbi a fim de eliminar esta fonte desleal de competitividade. Esta colocação ignora que nos últimos dois anos o renminbi valorizou-se uns 10 por cento contra o dólar, mas isso não travou o incremento no superávite comercial chinês, que em Junho último atingiu os 27 mil milhões de dólares.

Nesta era de volatilidade, reestruturação de mercados de crédito e intervenções da autoridades monetárias para acalmar borbulhas especulativas, ressurge o medo de uma crise financeira global. O equilíbrio do terror que liga a China e os Estados Unidos é a peça chave do tecido económico internacional e o nervosismo dos credores (detentores de dólares) aumenta.

Na economia planetária os seus agentes sabem que estão contados (se é que já não se acabaram) os dias em que o dólar estado-unidense era a moeda de reserva internacional por excelência. Mas ainda se mantém uma situação na qual a maior parte das reservas dos bancos centrais está denominada nessa divisa.

Paradoxalmente, na medida em que a China conserva uma parte significativa das suas reservas em dólares, contribui para manter o papel dessa divisa como moeda de referência à escala mundial. Mas se o equilíbrio do terror repousa num paradoxo, isso torna-o especialmente instável. A presença do euro vem complicar as coisas, porque o jogo entre três aumenta a probabilidade de desestabilização do balanço do terror e nos aproxima de um cenário de conflito aberto.

A China poderia iniciar uma mudança gradual na composição das suas reservas, digamos com 40 por cento em dólares, outros 40 por cento em euros, e uns 20 por cento em yenes. Isto levaria a uma apreciação do renminbi, que é o que Washington diz procurar. Também estaria mais de acordo com a diversificação geográfica do comércio chinês. Mas, ainda que isso pudesse permitir escapar ao dilema da destruição mútua assegurada, a ironia é que Washington não vê com bons olhos esta solução porque contribui para minar o papel do dólar a nível mundial. Os Estados Unidos insistem em jogar o tudo ou nada. Não é boa estratégia.

[ Next Thread | Previous Thread | Next Message | Previous Message ]

Replies:
Subject Author Date
China: Bolsa bate novo máximo a fechar acima dos 5.000 pontosLusa24/08/07 8:57:39
China: Invasão de investimento estrangeiro em 30 anosLusa30/08/07 11:50:24
O JORNALISMO ECONÓMICO PORTUGUÊSleitor30/08/07 14:51:42
CHINA É O PAÍS QUE MAIS APLICA PENA DE MORTE NO MUNDOANSA 1/09/07 17:11:59
A análise de uma publicação conservadoraThe Economist 2/09/07 11:44:21


Post a message:
This forum requires an account to post.
[ Create Account ]
[ Login ]
[ Contact Forum Admin ]


Forum timezone: GMT+0
VF Version: 3.00b, ConfDB:
Before posting please read our privacy policy.
VoyForums(tm) is a Free Service from Voyager Info-Systems.
Copyright © 1998-2019 Voyager Info-Systems. All Rights Reserved.