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Subject: Um dia de eleições que "tem tudo contra"


Author:
Ricardo Dias Felner (Público, 15.07.2007)
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Date Posted: 15/07/07 10:09:43

Um dia de eleições que "tem tudo contra"

15.07.2007, Ricardo Dias Felner


Adivinhar a taxa de abstenção é arriscado. As eleições de Lisboa parecem somar várias circunstâncias que podem levar a uma desmobilização recorde. Há as férias, claro. Mas não só



De entre as vários contactos que o PÚBLICO fez procurando antecipar o resultado da abstenção nas eleições para Lisboa, só o Instituto de Meteorologia arriscou uma previsão: para hoje, esperava-se que o céu em Lisboa estivesse "pouco nublado" e a temperatura "muito agradável".
Na sua simplicidade e recorrência, esta informação poderá ser, no entanto, a mais valiosa e determinante para o que acontecerá hoje. Com bom tempo, sobretudo na segunda quinzena de Julho, os lisboetas fazem uma de quatro coisas: ou vão para a Costa da Caparica ou vão para a Costa de Sintra ou vão para as praias da Linha de Cascais; ou vão de férias para todo o lado. E este ano não deverá ser diferente.
É certo que a crise económica estará a motivar economia de recursos nas férias de alguns portugueses - e os lisboetas, apesar de estatisticamente terem um rendimento superior ao do resto do país, não escaparão a isso. Mas a tendência mantém-se. Como confirmou ao PÚBLICO um responsável da Agência Abreu, o período de veraneio mais forte voltará a ser entre o início da segunda quinzena de Julho e o fim de Agosto. E "quem já tinha férias marcadas não as desmarcou depois de ser anunciada a data da eleição".
Soma-se a esta circunstância um desinteresse clássico dos lisboetas por eleições autárquicas. Desde o 25 de Abril, salvo duas excepções, a taxa de abstenção no concelho foi sempre mais alta do que a média nacional. André Freire, do ISCTE, explica que, sendo a comunidade urbana mais educada, mais informada politicamente, há hoje na província uma outra capacidade de mobilização por parte dos agentes partidários em contraponto com a "atomização" e o "anonimato" dos citadinos.
Nas palavras de Nuno Godinho de Matos, da Comissão Nacional de Eleições, este sufrágio "tem tudo contra".
Acontece que não existe qualquer certeza estatística que quantifique o que parecem ser tendências seguras. E a história e a produção científica não apresentam qualquer indicador consistente sobre a influência que um sufrágio em Julho pode ter na votação.
A influência do Verão
As únicas eleições importantes ocorridas já dentro da segunda quinzena de Julho, desde o 25 de Abril, ocorreram em 1987, no dia 19. Mas este sufrágio surgiu num contexto político e social particular. Mário Soares convocara eleições legislativas antecipadas e Cavaco Silva lutava por nova vitória, desta vez com maioria absoluta. Por outro lado, no mesmo dia, realizavam-se também as primeiras eleições para o Parlamento Europeu. Acresce que ainda se estava num período de entusiasmo eleitoral, de grande participação política.
Mesmo assim, o veraneio ter-se-á reflectido nas taxas de abstenção: situando-se em 28,4 por cento, a abstenção representou mais quase três pontos percentuais do que o valor das legislativas anteriores, em 1985.
Outro exemplo já próximo da época estival ocorreu nas eleições de 27 de Junho de 1976, as primeiras presidenciais em democracia. A abstenção foi de 24,5 por cento, vitória esmagadora de Ramalho Eanes. Nas presidenciais seguintes, em 1980, desta feita já em Dezembro, segundo mandato de Eanes, a abstenção desceu abruptamente para os 15,6 por cento.
Sobram, nos meses mais quentes, as eleições europeias, que quase sempre se realizaram entre os dias 12 e 18 de Junho. É verdade que estes são de longe, em média, os sufrágios com taxas de abstenção mais altas; mas isso relevará mais do desinteresse dos portugueses pelos assuntos europeus do que pela data escolhida para o sufrágio.
Da falta que faz um duelo
Pedro Magalhães, politólogo do Instituto de Ciências Sociais, considera a abstenção um dos resultados eleitorais mais difíceis de prever. Tanto mais neste caso. Por duas razões: a primeira tem que ver com o facto de estarem inscritos em Lisboa muitos eleitores que não residem na cidade. "Não se sabe o que essas pessoas decidirão fazer." E a segunda resulta de as sondagens serem muito enganosas nesta matéria (poucos admitem a alguém que não vão votar).
Ainda assim, este especialista em sondagens pondera duas circunstâncias políticas que poderão pesar na mobilização eleitoral, para além da data escolhida. Ambas jogam no sentido de uma abstenção elevada. Por um lado, afirma Pedro Magalhães, sabe-se que estas não são eleições particularmente "competitivas": António Costa está sozinho na corrida para a vitória - e isso não funciona como um incentivo. Por outro, estando com uma vantagem folgada, segundo as sondagens, o candidato do PS também não está perto de ter maioria absoluta - outro factor desmobilizador.
António Costa Pinto, também investigador do Instituto de Ciências Sociais, tem uma leitura parecida. "Não há polarização", sublinha, acrescentando que o número anormal de candidatos impede ainda a "pessoalização" do embate, algo que normalmente aumenta o interesse da opinião pública.
Não há "pessoalização" e, mais importante, refere André Freire, do Centro de Investigação e Estudos de Sociologia, do ISCTE, a campanha não tem sido "esclarecedora". "Repetem-se ideias antigas, como a de trazer mais jovens para a cidade" - concretiza este analista - "mas nada se diz sobre as condições de governabilidade". Ou seja, não se sabe o mais importante: não havendo maioria absoluta, como as sondagens anteciparam, que alianças de governo serão feitas.
Posto isto, é mais ou menos consensual que sobra uma motivação com força para inverter tudo isto. O grau de insatisfação com o Governo, ou mesmo com os dois partidos do eixo governativo, poderá suscitar um voto de protesto, que recairia sobretudo nos dois principais candidatos independentes.

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86.000 votos pelo cano abaixoFernando Penim Redondo16/07/07 8:01:04
Prontos para um demagogo ou o ocaso dos partidosFernando Penim Redondo16/07/07 13:04:32


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