Subject: MARX e a CIÊNCIA |
Author:
Rui Costa santos
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Date Posted: 00:50:19 08/29/02 Thu
In reply to:
Gonçalo Valverde
's message, "Intelectuais e intelectuais" on 09:22:28 08/26/02 Mon
Gostava de a propósito desta afirmação dada a Marx
"Falar aos operários sem ter ideias científicas
significa de um lado um apóstolo a ferver de excitação
e, do outro, uns asnos incríveis a ouvi-lo
boquiabertos."
( fazer algumas considerações:
em 1º lugar quando se diz "ter ideias científicas" face aos operários, por muito do espírito da época presente nessas palavras, parece estar presente a dualidade: verdade científica / ignorância, (mas mais importante): ilusão ideológica; ora, isto este raciocínio implica que eu "possuidor" do conhecimento fora de qualquer ideologia (posssuidor da verdade) posso iluminar, indicar a presença do erro, da má fé, do oportunismo.
Este dualismo, quanto a mim, parece não ter em conta que qualquer processo de produção de conhecimento, com vista a identificar uma verdade, é inevitavelmente ideológico (no sentido de ter os seus próprios conceitos e preconceitos) e só nesta dialéctica entre procura de objectividade (de conhecimento da realidade) no interior (histórico-social, cultural, ciência da época) será possível falar de "verdade científica".
Creio que não fazer esta oposição radical entre ciência e ideologia (a ciência para "nós", marxistas, proletários, de vanguarda, esclarecidos; a ideologia para "ELES" - "pequeno-burgueses de fachada socialista", "trotskistas", "utópicos") poderá ser importante para, não só, legitimar a necessidade da democracia, como para evitar que o marxismo se veja como "socialismo científico".
Por aqui não pretendo refutar ou nem sequer discordo com
, ) >> Apesar de, no nosso Partido,
>>eu poder discordar do que dizia Carlos Aboim Inglês,
2>>presto-lhe, agora q22ue morreu, a homenagem de ser no
>>Sector Intelectual do Partido um defensor dos
>>intelectuais enquanto tais e do valor da teoria.
>>Sempre se manifestou contra todos aqueles que, com
>>desprezo, começavam o seu discurso, eu não sou um
>>intelectual.
>
> Parece-me de facto existir um espirito obreirista
>dentro do partido que tendencial utiliza a expressão
>intelectual com desprezo. Em conversa com o meu pai
>por exemplo (operário na Lisnave durante dezenas de
>anos, militante do partido e que ex-delegado sindical)
>ele me referiu que a URSS caiu por culpa dos
>intelectuais. Ora pergunto-me até que ponto este tipo
>de ideia negativa relativamente aos intelectuais não
>será causada pela famosa regra de oiro bem como a de
>uma utilização para designar intelectual toda e
>qualquer pessoa que estando no comité central e nunca
>tendo previamente uma profissão é designado por
>"intelectual". Ao percorrer a listagem de nomes do
>Comité Central e as suas pequenas biografias
>(http://www.pcp.pt/partido/c-central/) não foi sem um
>sorriso algo irónico que vi que algumas pessoas que
>conhecia dos tempos da JCP lá eram designados de
>intelectuais, pessoas essas cujo trabalho intelectual
>que conheço deles é nenhum, e que só me parecem ser
>designadas de intelectuais por terem sido sempre
>funcionários do partido e nunca terem tido outra
>profissão ou concluido curso, ou outro facto que
>merecesse mais destaque para ser colocado na biografia.
> Obviamente que é uma incongruencia dizer que se
>defende o marxismo-leninismo e depois afirmar-se
>contra o trabalho intelectual, mas pergunto-me a mim
>quantos camaradas militantes do PCP realmente precebem
>o que é ser marxista. Não gostando de recorrer a
>citações para ilustrar pontos de vista, no entanto não
2>resisto a colocar uma de Marx que a Weitling terá dito
>:
> "Falar aos operários sem ter ideias científicas
>significa de um lado um apóstolo a ferver de excitação
>e, do outro, uns asnos incríveis a ouvi-lo
>boquiabertos."
> Bem dizia Marx que a "ignorância nunca foi útil a
>ninguem".. mas parece que muitos que tiram Marx e
>Lenine do bau para os citarem quando dão jeito nos
>plenários do partido parecem esquecer esta máxima.
> Por outro lado, penso que se a teoria e o trabalho
>intelectual é essencial, é essencial também não perder
>de vista o objectivo desse mesmo trabalho a nível
>politico. Trata-se não apenas discutir por discutir
>(*) mas sim com um fim em vista, ou seja a
>transformação da sociedade, e no caso do movimento
>comunista, a superação da sociedade capitalista.. e é
>esse fim que é essencial não ser esquecido e
>acompanhar o trabalho intelectual com a sua aplicação,
>não se ficando apenas pela conversa de café, tecendo
>os amanhãs que cantam mas que tardam em chegar.
>
>Nota: nada tenho contra o prazer de discutir ideias
>apenas pelo gozo de trocar opiniões, mas a nível
>politico penso que é essencial não se ficar por ai
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