Author:
Jorge Nascimento Fernandes
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Date Posted: 01:05:55 08/30/02 Fri
In reply to:
Fernando Redondo
's message, "Modo de produção em vez de conspiração" on 22:57:17 08/29/02 Thu
Outra vez o RF
Caros amigos
Reconheço que sou o culpado de ter introduzido neste nosso fórum o livro do Ronaldo Fonseca (RF). Mas já percebi que o Fernando, naqueles capítulos que leu, sentiu-se na necessidade de passar à ofensiva, porque, provavelmente, com razão ou talvez sem ela, o RF ataca a sua dama, as novas tecnologias.
Como já anteriormente afirmei não gostaria de aparecer neste fórum como o "patetinha" que defende "à outrance" os textos de RF.
Fui ver o capítulo que o Fernando transcreveu e atacou e verifiquei que aquilo que, numa primeira leitura, eu tinha sublinhado era o seguinte parágrafo:
"É esta pseudo-fílosofía, «materialista-naturalista» da «natureza humana» (ficção ahistórica) que está subjacente à «teologia do mercado». Inútil seria dizer que Darwin,
como homem esclarecido que foi, nunca admitiu a extensão das suas concepções à sociedade humana. Na verdade, o que o materialismo histórico-dialéctico demonstra é
a especificidade da civilização humana, a sua autonomia parcial em relação à natureza, o que lhe abre potencialidades para outros processos evolutivos."
Como já anteriormente afirmei, perfilho esta visão do darwinismo e nesse sentido identifiquei-me com o texto.
Fui agora novamente reler o capítulo transcrito e verifico que a prosa é forte, provavelmente um tipo de intervenção farfalhuda, cheia de ataques e subentendidos, não primando pelo rigor estilístico nem provavelmente teórico. Mas, no entanto, está lá tudo, principalmente a referência expressiva à ofensiva ideológica do imperialismo americano.
Penso que a visão do Fernando do mundo empresarial se resume a algumas pequenas empresas de informática, sempre prontas a comer o vizinho e pouco interessadas com os problemas dos trabalhadores, que nesta área até estão bem pagos.
Por acaso, na minha vida profissional já tenho que lidar com grandes multinacionais e o panorama é totalmente diferente. Não é que estejam em causa os problemas dos trabalhadores, porque isso, neste caso concreto, nem é importante, mas decisões que visam influenciar regiões inteiras a adoptar determinadas posições.
A ofensiva ideológica é de facto importante, poderá não ser a conspiração organizada, mas estude-se uma ofensiva ideológica como aquela que antecedeu os ataques militares dos americanos ao Iraque, ao Kosovo ou ao Afeganistão. Estamos perante verdadeiras lavagens ao cérebro. Mas se nos virarmos para o ataque ao Estado-Previdência, às regalias sociais dos trabalhadores, o que se verifica é o mesmo e neste momento, no Portugal de agora, a batalha vai ser dura.
O capítulo de que estamos a falar chama-se "fim das ideologias ou ideologia da globalização capitalista", nesse sentido o autor só fala da ofensiva ideológica do imperialismo e o que diz é no essencial verdadeiro.
Só estou de acordo com uma opinião do Fernando, e já o exprimi em textos anteriores, "é que foi a lamentável tacanhez dos partidos comunistas" (não sei se todos) "que deixou aos ideólogos burgueses o campo livre para aparecerem como paladinos da tecnologia e da modernidade". A defesa que o nosso Partido faz das classes recuadas, dos pequenos comerciantes e industriais, muitas vezes incapazes de se adaptarem a aos novos tempos, acarreta que apareçamos aos olhos de muitos como defensores de causas perdidas e de não sermos capazes de apanhar o combóio da modernidade.
Não estando de acordo com a hipervalorização que o Fernando faz "do seu novo modo de produção: o digitalismo", reconheço que tem sido a pouca importância dada a esta problemática que nos tem feito perder amplas camadas de trabalhadores a ela ligados.
Um abraço
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