| Subject: Renovadores Avançam com Novo Movimento Comunista |
Author:
PUBLICO
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Date Posted: 12:37:39 09/06/02 Fri
A XXVI Festa do "Avante!" arranca hoje na Quinta da Atalaia, numa altura em que está a ser criado um novo movimento comunista. Os seus mentores são os renovadores descontentes com actual direcção do PCP. O movimento não se vai limitar ao debate de ideias e pretende mesmo concorrer a eleições. Há exactamente dez anos, e também na sequência de uma crise interna, Álvaro Cunhal aproveitava o palco da festa para anunciar a sua saída de secretário-geral e passar o testemunho a Carlos Carvalhas. Por Helena Pereira
Militantes da ala renovadora do PCP pretendem fundar um movimento para a renovação comunista que actue em todos os planos de intervenção, ou seja, que possa até concorrer a eleições. Para já, está a ser elaborado o "Manifesto da Renovação Comunista", um documento que pretende ser uma actualização dos ideais comunistas e que deverá ser apresentado em breve.
O propósito é colocá-lo à discussão das pessoas, ser subscrito e depois, numa outra fase, encontrar as formas organizativas e a estrutura não de um novo partido mas de um movimento. Segundo explicou ao PÚBLICO um dos militantes do PCP envolvidos neste projecto, o período de conflitualidade com a direcção do partido deverá terminar para dar lugar a novas propostas. A solução de movimento em vez de um novo partido é justificada com o facto da actual forma dos partidos estar "esgotada" e "malvista aos olhos dos portugueses".
Os renovadores preferem falar em movimento, mas a verdade é que podem ter que fundar um novo partido se quiserem concorrer em listas próprias como pretendem. Isto, porque os movimentos só podem concorrer se coligados com partidos.
Quanto à organização interna, a única garantia por enquanto é que não terá nada daquilo que os renovadores criticam no actual PCP, e isso é o centralismo democrático, os chamados "controleiros", os métodos de eleição, etc.
Vários militantes renovadores vão estar presentes na Festa do "Avante!", que hoje arranca na Quinta da Atalaia. Em declarações ao PÚBLICO, Edgar Correia, um dos militantes expulsos do PCP (tal como Carlos Luís Figueira), sustentou que não tenciona estar presente no comício de encerramento, mas garante que irá aproveitar a parte de convívio que a festa proporciona. O ex-dirigente do PCP critica Carvalhas por ter "utilizado o palco da festa para defender as sanções" e garante "esperar pouco" do comício político de domingo.
O médico Cipriano Justo apela a Carvalhas para que faça "um repto aos comunistas no sentido da unidade". Lembra que provavelmente ainda este mês terá lugar a próxima reunião do comité central e que esta deverá decorrer num clima sereno e de bom senso. "O meu conhecimento interno diz que não é por aí que muitos dirigentes querem ir. Querem ir claramente até às últimas consequências", acrescentou. A próxima reunião do comité central terá que se pronunciar sobre o recurso das sanções entretanto apresentado. Depois será a vez de o Tribunal Constitucional decidir se é ou não inconstitucional todo o processo, pois os militantes expulsos não desistem de tentar provar que estão a ser alvo de processos por "delito de opinião".
Carlos Luís Figueira, por sua vez, não tenciona ir à Quinta da Atalaia. "A Festa do 'Avante!' foi sempre para mim a festa da fraternidade e do convívio. Não me parece que a actual situação interna vá nesse sentido", disse ao PÚBLICO.
A edição de ontem do "Avante!" garantia que na Festa do "Avante!" é "bem-vindo quem vier por bem" e que este evento é de todos os comunistas e de todos os que "nela querem participar e que não necessitam de arautos para anunciar a sua presença".
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