Subject: Re: O Uso de Ferramentas Tecnológicas Que Impulsionam a Aprendizagem |
Author: Marcos Racilan
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Date Posted: 15:42:10 02/27/03 Thu
In reply to:
Marcos Manso
's message, "Seminário CALL - 24/Fev a 01/Mar - O Uso de Ferramentas Tecnológicas Que Impulsionam a Aprendizagem" on 14:15:45 02/22/03 Sat
Olá meus caros,
>
>1. Com base no texto de Doering e Beach, como vocês
>acham que podemos fazer um projeto colaborativo
>semelhante ao apresentado por eles para desenvolver a
>habilidade de leitura de nossos alunos no Brasil
>usando ferramentas como o computador e a internet? De
>que forma?
Atualmente, trabalho como professor substituto no COLTEC, dando aulas de inglês para os garotos do ensino médio e técnico. Como muitos deles já estudam/estudaram inglês fora, ficam loucos para ser dispensados das aulas, que se tornam muito chatas para eles. Então, para não deixar eles "voando" por aí sem fazer nada, e ainda com o intuito de envolvê-los num trabalho no nível deles que os manterão em contato com a língua, propos]mos projetos diferentes a cada ano. Neste ano, propus que todos os alunos de 1°, 2° e 3° ano, de nível intermediário para cima, que optassem pela dispensa, formassem um grupo para elaborar um guia do Colégio técnico em detalhes e da Universidade em geral, em inglês, para visitantes estrangeiros que viessem no campus por ocasião de um congresso, por exemplo. Este projeto focalizaria a produção de textos e desenvolvimento de vocabulário. Sugeri que se houvessem alunos com conhecimentos em internet, eles poderiam montar uma página que seria aberta à partir de um link no site oficial da UFMG. A idéia foi inspirada no conceito de "RELATE/CREATE/DONATE" do texto que lemos no início do curso.
Não sei exatamente como a coisa vai funcionar, pois ainda tenho que sistematizar o trabalho para uma reunião que ocorrerá após o carnaval.
P.S.: Vera, você sabe se já existe algum guia deste tipo em inglês na Universidade?
Agora, para trabalhar especificamente com leitura...
Já há algum tempo quero procurar os professores de outras disciplinas como Geociências, Química, Biologia, Eletrônica, etc. para pedir que eles escolham e adotem como parte do material da disciplina deles 1 texto em inglês, para que eu possa trabalhar com os meus alunos. Mas o pessoal lá não é muito acessível, e ainda não tive coragem de propor o trabalho.
>
>2. Vocês acham que a razão da escassez (ou não) de
>projetos deste tipo no nosso país é uma questão de
>iniciativa, de oportunidade, econômica, social ou
>cultural? Ou algumas delas? Ou todas? Ou há outras
>razões?
Sinceramente, acho que o motivo é puramente estrutural, de infra-estrutura. Se todo mundo pudesse ter acesso à rede, aos poucos as idéias e os projetos apareceriam, como acontece no nosso caso. Acredito muito no resultado da pesquisa de Egbert et al. (2002), que mostra que a maioria das pessoas que usam efetivamente a tecnologia em suas aulas são aquelas que tiveram algum contato com ela antes, e não aqueles que frequentaram um curso de CALL. Não sei, mas parece que isto está relacionado com a "psicologia da aprendizagem", aquilo que comumente é chamado de 'botar as mãos na massa' ou mais, academicamente falando, o ensino/aprendizado por meio de tarefas. É como no nosso curso online... ele não é um curso de CALL, mas usa tecnologia e ferramentas da internet no seu andamento. Nestas condições, somos levados a buscar desenvolver aquele conhecimento que ainda não tenhamos, para satisfazer uma necessidade emocionalmente e intelectualmente real, que é completar as tarefas. As habilidades requeridas são formadas individualmente e colaborativamente à medida que vão sendo necessárias. O que torna o aprendizado bem mais significativo e justifica o resultado encontrado por Egbert et al. (2002).
Acho que o trabalho que desenvolvemos nesta disciplina é bastante consistente com a literatura.
>
>3. Até que ponto o computador e a internet podem se
>constituir em uma “onda que passa” ou ferramentas de
>uso constante e de abrangente aplicabilidade na
>aprendizagem de um tópico, disciplina ou uma língua
>estrangeira, por exemplo?
Vocês já imaginaram a vida sem a caneta esferográfica? (Soou meio dramático né... :o), não era essa minha intenção)
Por acaso, já pensaram nela como uma "onda que passa" ou uma ferramenta de trabalho complementar, perfeitamente acessória. Acho que não, né?
Ela também é uma tecnologia!
Acho que nosso projeto para o futuro deva passar pelo mesmo caminho. O computador não pode ser encarado como um acessório, como uma entidade alienígena que precisa de explicação formal de quem o entende, através de cursos de tantas ou quantas horas/aula com apostila incluída. Alguém já leu manual de caneta esferográfica? Ou fez um curso avançado de Bic 4 cores? Você simplesmente usa... vai aprendendo a manejar mais adequadamente com o tempo... naturalmente... sem grande rebuliço.
Acho que é exatamente isso que a pesquisa de Egbert et al. (2002) mostrou.
O uso de computadores e internet deve se tornar corriqueiro, parte da nossa vida diária ao ponto de se tornar imperceptível. É nisso que devemos concentrar nossas forças.
>
>4. Como você vê o resultado de análises apresentadas
>em Clift, Mullen, Levin, & Larson, 2001, que mostra as
>limitações da interação online em que trocas mais
>diretas de sentimentos são evitadas do que ocorre em
>interação presencial? E o fato de que interações
>online são mais francas do que as presenciais?
Isso é um fato e concordo inteiramente com a resposta da Sheila. As nossas interações podem ser um exemplo.
>
>5. Como podemos incentivar nossos alunos a lerem mais?
>Vocês acreditam que um projeto desenvolvido a partir
>de CALL ou via computador/internet estimularia os
>alunos a lerem as obras nas quais o texto ou trabalho
>estaria baseado? Neste sentido, haveria um maior uso
>de ‘intertextual links’ como quer Beach & Lundell,
>1997 e Lewis & Fabos, 2000?
Certamente o uso da internet serviria de motivação para os alunos. Contudo, essa motivação somente existe enquanto ela for uma novidade. Depois que ela virar lugar comum, como proponho que aconteça e acredito que acontecerá, sua capacidade de servir de elemento motivacional diminuirá ou se extinguirá. Portanto, estaríamos baseando o interesse dos alunos pela leitura em valores equivocados e transitórios. Neste caso da leitura, acho que o caminho mais difícil seja o mais eficaz (único?), ou seja, estimular o gosto pela leitura por ela mesma, sem artifícios, pela paixão por aprender/saber/conhecer.
>
>6. É possível trabalhar com gêneros múltiplos (poemas,
>cartas, diários, contos, fotos, romnces, etc) em único
>projeto colaborativo on-line (Romano 2000)?
Dá trabalho, mais sim.
>
>7. Algum de vocês já usaram qualquer dessas
>ferramentas: Storyspace, HyperStudio, HyperCard, WebCT
>ou QuickTime? Como elas podem mediar a construção de
>links hypertextuais e intertextuais?
Não. Elas demandam uma estrutura que a internet, a rede de computadores, a telefonia, etc. brasileiros ainda não possui.
Grande abraço a todos,
Marcos Racilan.
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