Author:
Marcos Racilan
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Date Posted: 06:26:36 02/19/03 Wed
Ei, moçada... eis minhas contribuições.
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>Tópicos para discussão:
>1- Em sua experiência pessoal com CALL, qual foi o
>papel da instrução formal? Você obteve alguma? Você a
>utiliza? Por que sim/não?
Nunca recebi instrução formal sobre a utilização de tecnologia para a aprendizagem de LE, ou seja, uma espécie de treinamento em CALL. Participei, sim, de cursos que usavam o meio virtual como instrumento de ensino/aprendizagem. Os dois foram com a Vera: O primeiro, foi quando ela começou a oferecer cursos online e tinha a cara do CALL como proposto pela literatura, ou seja, você trabalha com LE em uma sala de computadores conectados à Internet e utilizando recursos da rede. Não havia uma instrução formal além daquela necessária para a execução de uma tarefa ou por demanda, quando alguém precisava de ajuda. Havia algo de colaboração neste sentido... os que conheciam mais do ambiente ajudavam os outros. Foi uma espécie de iniciação e foi muito bom. O segundo, é o nosso curso atual. Muito parecido ao primeiro no que tange a utilização do meio. Acredito que esta metodologia adotada pela Vera e comprovada pelo texto da semana (Egbert et al., 2002) seja a melhor forma de trabalhar com a Internet. A maior parte das pessoas que usam a Internet em seus cursos não são aquelas que receberam treinamento para tal, mas aquelas que já tinham alguma experiência com o meio. As razões para isso parecem ser psicológicas e sociológicas: parece haver uma espécie de pré-indisposição generalizada à idéia de treinamento quando ele é formal, no formato “manual como fazer”; aprende-se melhor como fazer quando ele é indireto, quando somos nós que escolhemos os caminhos daquele “como fazer”, e não seguimos os passos deixados ou elaborados por outrem; aqui poderíamos encontrar elementos de autonomia, estratégias individuais, relação de autoria e identidade, etc.; como a tecnologia é instrumento, cada um vai buscar o conhecimento de que precisa para utilizá-la.
Acho que as coisas funcionam melhor assim. Portanto, não uso instrução formal sobre tecnologia a não ser individual e por demanda.
P.S.: Tenho formação técnica e trabalhei muitos anos com informática. Então, lidar com a máquina se torna mais fácil para mim que para a maioria das pessoas. Mesmo assim, acredito no exposto acima.
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>2-Você usa regularmente o CALL em sua rotina como
>professor? Por que sim/não?
Não. Como não disponho de uma sala com computadores para meus alunos e muitos deles (talvez a maioria) não tem computador em casa, ou se tem não tem conexão à Internet, acho que não é socialmente adequado basear um curso em elementos da rede. O que faço é sugerir como fonte possível e complementar de pesquisa, levando material impresso retirado da Internet, etc., numa tentativa de democratizá-la.
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>3- Que caminhos você apontaria para otimizar o uso do
>CALL baseado na leitura dos textos e na sua
>experiência?
Com exceção de cursos específicos (pós-graduação ou uma aula especial, por exemplo) não acredito que seja necessário e até desejável cursos oferecidos em salas com computadores para cada membro do grupo. Inicialmente, por razões práticas: já imaginou você controlando ou “facilitando” o estudo, para usar o jargão do momento (apesar de neste caso achar que o primeiro termo mais verdadeiro), de um grupo de adolescentes ou pós-adolescentes que estariam numa aula de inglês ou literatura, tendo todo o universo da internet à frente deles? Será que haveria aula? Quem de nós, pelo menos uma vez, não sucumbiu à vontade de checar nosso e-mail, entrar em bate-papo, checar aquele ‘site’ interessante, fazer aquela pesquisa de que preciso, etc., justamente durante uma aula ‘online’; justos ou injustos, os motivos são muitos e variados. Economicamente, seria um investimento muito grande para instalação e manutenção de salas deste tipo. Do ponto de vista teórico, no que concerne a autonomia e educação continuada, por exemplo, a pesquisa e trabalho em sala de aula devem ser apenas o insumo inicial ou ponto de partida para o aprendizado individual; devemos garantir é que todo mundo tenha acesso pessoal (residencial) de qualidade à rede para que nossos esforços intelectuais na teoria se cristalizem em realidades práticas, ou então a escola, na figura do professor, continuará sendo a fonte do saber; e aprender, continuará sendo algo que fazemos durante umas quantas horas por força do trabalho ou dos pais.
Acredito, hoje, que o melhor projeto de sala de aula para CALL seja uma sala que tenha uma bom computador ligado à Internet para uso do professor e/ou alunos em dia de seminário, equipado com ‘datashow’ e tela para projeção, e quadro-negro para uso eventual. Os alunos seriam incentivados (e talvez financiados) a adquirirem um ‘laptop’ para uso pessoal. A sala teria pontos de rede (intranet) para transferências de arquivo, apresentações, e eventuais acessos à Internet caso planejado pelo professor. O aluno poderia estudar em qualquer lugar.
Sinceramente, gostaria muito de ver a escola e a sociedade funcionando mais ou menos assim!
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>4- Qual a importãncia que você atribui ao uso do CALL
>em sala de aula?
Olha, acho essencial. Contudo, como ilustrado nas respostas anteriores não gosto da idéia do CALL como um curso especial e sim como um fato sócio-cultural. Uma decorrência natural da evolução do conhecimento humano e da tecnologia. A idéia inicialmente pode lembrar algum filme futurista, mas não acho que seja tão difícil assim de ser implementada (já até existem alguns exemplos em andamento).
Abraço,
Marcos Racilan.
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